Por Samuel Strazzer Em Especial Atualizada em 09 MAR 2020 - 18H17

Especial C&T na RMVale: o brasileiro e a ciência

"Eu não acho que o cientista se afastou da sociedade, acho que o país pecou em não popularizar a ciência", afirma pró-reitora de Pesquisa da Univap

Pedro Ivo Prates
Pedro Ivo Prates
Prof. Dr. Alexandre Oliveira - Assistente de coordenação do Observatório de Astronomia e Física Espacial da Univap


A pesquisa “Percepção Pública da C&T no Brasil – 2019” desenvolvida pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) apontam boas impressões da sociedade em relação a ciência. Cerca de 73% dos entrevistados acham que a Ciência & Tecnologia trazem só benefícios ou mais benefícios que malefícios para a sociedade. A confiança também é alta, 34% apontam os cientistas como fonte de MAIOR confiança.

Mesmo com os dados positivos, há uma impressão de distanciamento entre a grande massa e a produção científica. De modo geral, o interesse dos brasileiros por lugares ou eventos em espaços de C&T caiu bruscamente em 2019. Em 2015, cerca de 40% da população havia visitado o zoológico, parque ambiental ou jardim botânico dentro de um ano – em 2019 esse número caiu para 25%. Quando se trata de museus de ciência e tecnologia a situação é ainda mais crítica, apenas 5% dos entrevistados afirmaram que visitaram locais como esses nos 12 meses.

Para Antônio Fernando Bertachini, coordenador da pós-graduação do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com o corte de verba na ciência, o número de profissionais diminui e, inevitavelmente, o potencial de divulgação também cai. Para o professor, mesmo com as dificuldades, a divulgação científica é essencial.

“Cada vez que você perde uma bolsa, é uma pessoa a menos que trabalha na ciência, é um pesquisador que você deixa de formar no futuro. [...] A ciência deve ter um pouco mais de explicação, nesse ponto não estamos muito desenvolvidos, precisamos melhorar. A Nasa tem muitos programas de visitas de escolas. Precisamos sim ter um esforço maior de divulgação”, explica.

Para o professor, existem várias maneiras de aproximar o brasileiro da ciência. A primeira delas seria a maior divulgação das pesquisas nos meios de comunicação, afim de despertar a curiosidade das pessoas. A segunda seria levar as pessoas para dentro dos institutos de pesquisa e as pesquisas para a sociedade.

“Existem várias revistas de divulgação científica, mas nós podemos também dar palestras em escolas. No passado, a Associação Aeroespacial Brasileira deu muitas palestras nas cidades, principalmente em escolas de primeiro e segundo grau”, comenta Antônio.

A professora Sandra Maria Fonseca da Costa, geógrafa com doutorado em Engenharia de Transportes pela USP (Universidade de São Paulo), pró-Reitora de Pesquisa da Univap, acredita que o Governo pecou em não popularizar a ciência. Para ela, um país não consegue crescer se não valorizar o conhecimento. “Um país que não valoriza o seu conhecimento é um país que tende amorrer. [...] Eu não acho que o cientista se afastou da sociedade, acho que o país pecou em não popularizar a ciência – o que nós buscamos fazer aqui na Univap com o observatório, por exemplo”, afirma Sandra.

O observatório da Univap fica aberto à comunidade todas as quartas-feiras no período da noite dos meses letivos. Qualquer pessoa pode visitar o local e observar a lua, estrelas e planetas nos telescópios da universidade. Com o auxílio de um adaptador fabricado a partir de uma impressora 3D na própria Univap, o Meon conseguiu fazer imagens incríveis da lua. O equipamento possibilitou que o fotógrafo Pedro Ivo Prates acoplasse a câmera fotográfica no telescópio. Confira abaixo.


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