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Juros ao consumidor recuam em ritmo mais lento do que a Selic

A taxa básica de juros caiu 54,4% desde outubro de 2016, quando estava em 14,25% e foi iniciado o atual ciclo de baixa dos juros. Mas o repasse para o consumidor ocorreu num ritmo bem menor. Em quase um ano e meio, a taxa do cheque especial, por exemplo, foi a mais resistente e recuou só 4,8% , seguida pelos juros do comércio (-9,84%) e pelo empréstimo pessoal (-12,7%), segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac).

Esse movimento mais lento de corte do juro na ponta fez com que o consumidor não percebesse um grande alívio no custo final dos empréstimos.

Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac, atribui ao risco de crédito essa queda mais lenta dos juros ao consumidor na comparação à queda na taxa básica nesse período. O calote responde por 32% da taxa de juros ao consumidor e é o componente que mais pesa.

"O risco subiu", diz Ribeiro de Oliveira. Ele explica que, apesar da queda na inadimplência, o desemprego ainda é elevado. "O banco olha para frente quando vai emprestar."

Essa também é avaliação de Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, associação que reúne as financeiras. Segundo ele, o quadro econômico melhorou, mas há muita incerteza. Isso acaba pesando no risco dos empréstimos e nos juros. "Economia não está ocupando os 12 milhões de desempregados. Tem gente bastante endividada."

Ribeiro de Oliveira aponta também a pouca competição e a baixa oferta crédito como fatores que dificultam a queda dos juros ao consumidor. Mas ele acha que a partir de agora, com a Selic a 6,50% ao ano, o menor nível da história, esse quadro deve mudar. Isso porque os bancos devem aplicar mais recursos na oferta de crédito, uma vez que não contarão as taxas elevadas dos títulos públicos.

Nessa quarta-feira, 21, o Itaú Unibanco, Banco do Brasil anunciaram cortes nos juros ao consumidor e também para empresas. O Santander reduziu juros para as principais linhas de crédito do varejo.

Procurada, a Febraban, que representa os bancos, contesta, com dados coletados em intervalo diferente, a pesquisa da Anefac. Em nota, diz que "os bancos têm aproveitado a queda na Selic para reduzir também o custo ao consumidor, em alguns casos com cortes bem superiores". Segundo o comunicado, os juros médios cobrados em empréstimos para pessoas físicas com recursos livres caíram, em média, 10,65 pontos porcentuais a mais que a Selic, entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018. Nos empréstimos a pessoas jurídicas, em que ainda registram índices elevados de inadimplência, o corte ficou próximo ao da Selic: 6,4 pontos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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