Foliões cobram reembolso do Bloco do Pimenta barrado pela Justiça

Multidão aguardava pela realização do bloco

Arquivo/Pessoal/Thomas Baumann

Os organizadores do Bloco do Pimenta ainda não definiram data para remarcar o evento pré-carnaval e o reembolso de foliões. A atração foi cancelada pela Justiça por falta de segurança para a realização dos shows, que seriam realizados no último sábado (16), na casa de eventos Um33, em Caçapava.

Conforme apurou o Meon, os promotores do bloco trabalham para que o evento ocorra ainda neste sábado (23), mas dependem de novas licenças e autorização do Ministério Público. "Apenas após a definição de uma nova data é que os foliões poderão saber como se prosseguirá o reembolso", afirmou a organização.

Maick Willian, de 21 anos, é cobrador de ônibus e não deseja uma nova data, mas sim o seu dinheiro de volta. “Eu não quero uma nova data, pois a experiência já foi bem decepcionante. Troquei dia e horário de serviço, gastei dinheiro e me programei por um evento que parecia tudo organizado e pronto para o dia, mas que ao chegar no local, aquela desordem e risco de morte das pessoas que estavam lá”, disse.

O Bloco do Pimenta foi barrado por duas decisões judicias, inicialmente por falta de AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). Posteriormente, a organização obteve o documento e recorreu da decisão, mas a Justiça cancelou novamente por não considerar haver condições seguras para o evento.

O conjunto de shows seria realizado no pátio da casa Um33 e tinha capacidade para acolher até 15 mil pessoas. O bloco, tradicional de Capava, teria a participação de foliões da RMVale e de outros estados. Entre as atrações estavam Weley Safadão, Dennis DJ e o grupo É O Tchan!.

Ação de reparação contra o bloco

Um grupo de foliões, composto por mais de 300 pessoas, pretende entrar com ação na Justiça contra os organizadores do bloco. A ação individual é encabeçada pela advogada Karla Ferreira, atuante na Comarca de São José dos Campos e que também iria participar do bloco.

Segundo ela, a reparação pelo o ocorrido será feita de forma individualizada por considerar que cada um dos consumidores tiveram um tipo diferente de dano, tanto material quanto moral. “Em menos de 24 horas do ocorrido foram mais de 340 consumidores em contato, em busca de seus direitos. O consumidor tem o direito de ser ressarcido, tanto de forma material como moral. Foram muitos os gastos, tenho atendido pessoas que saíram de cidades de longa distância, que gastaram com transporte, customização do abadá e com o próprio convite”, explicou.

Foliões às margens da via Dutra, em Caçapava

Arquivo/Pessoal/Thomas Baumann

Tainá Caroline Mendonça Oliveira, de 23 anos, é promotora de vendas e comprou ingresso para o Bloco do Pimenta. Ela, assim como a maioria dos foliões, ficou na fila por horas sem nenhuma explicação. Tainá é uma dessas pessoas que vai processar os organizadores do bloco e conta que se sentiu muito humilhada.

“Em meio à confusão fomos tratados como animais e esse é o principal motivo pelo qual estou entrando com ação. Eu vi gente desmaiando, passando mal e tudo isso por conta de falta de profissionalismo, responsabilidade e ética da parte deles. No total, gastamos R$ 500 e tudo que tivemos foi um tratamento ‘vip’, com muita bomba de efeito moral e tiro de borracha”, relata.

Outro lado

Por nota, a Prefeitura de Caçapava afirmou que “havia vistoriado o local, e após a apresentação de toda documentação exigida, inclusive o AVCB [Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros], por decisão judicial que ordenou o bloqueio do evento, o alvará não foi entregue e o evento permaneceu interditado”, diz em um trecho.

O Corpo de Bombeiros disse que “não é competência constitucional da corporação fazer a fiscalização de edificações de qualquer natureza, cabendo a Prefeitura Municipal a verificação quanto a regularidade do uso e ocupação de solo”.

A Um33 afirmou que a casa foi locada pelo bloco e que aguarda definição junto aos organizadores do evento.