Por Meon Em Opinião

A cidade e toda sua vivacidade

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Discutir mobilidade urbana está (e deve) ir além do que chamamos de deslocamentos de pessoas e bens

Pixabay

São tantas ricas paisagens. Tudo e todos são movimentos contínuos na cidade, esse organismo vivo, uma espécie de obra de arte jamais acabada. Amanhece e a neblina insiste em permanecer na doce várzea que existe em meio à urbe já tão tomada pelos barulhentos motores. Uns aceleram mais, outros menos e respiramos todos nós tanta cinza fumaça. Portanto, ainda bem que a várzea resiste! Um acalento também para a vista que tanto concreto avista.

Em algumas ruas, do centro às periferias, acontece a feira e toda a sua tradição de contar histórias por si só. Já pensou se acabassem as feiras? Que tragédia seria! No céu, algumas pipas livres e coloridas no ar –um sinal de que há crianças, também livres, brincando fora de suas casas. Cruza o semáforo de curto tempo a mãe pedalando --toda charmosa-- e levando junto, na cadeirinha, seu filho.

Rumam para onde? Não importa. Ela passa em frente à banca de jornais e lança um gostoso “bom dia” para o atendente –de bike, não é preciso abaixar os vidros. Logo mais a frente, um adolescente ajuda o cadeirante num ponto em que a guia não foi bem rebaixada. São desconhecidos entre si, mas embalam a falar de times de futebol.

Ouve-se a sirene do SAMU que, às pressas, precisa chegar ao hospital para salvar a vida de um pedestre atropelado em plena faixa de travessia. Na esquina estão o pipoqueiro, o vendedor de algodão doce e todos os seus clientes amparados pela frondosa e centenária figueira que lhes oferece ampla sombra. Em algumas praças, pessoas coletivamente alimentam os cães que têm ali a sua morada pública e donos, portanto, também públicos. Cai a noite, o frio cresce e é possível flagrar pessoas anônimas que saem por aí, com cobertores em mãos, para oferecer àqueles que têm, nas calçadas, a sua casa. Faça chuva ou faça sul. Seja verão ou inverno. E a cidade é sempre cidade para os cachorros, moradores de condomínios ou moradores de rua.

Mas por que será que a cidade é mais de uns e menos de outros se, por princípio, deveria ser de todos? Por que será que uns vão de carro, outros de ônibus, de bicicleta ou a pé? E aqueles que nem vão e nem vêm porque lhes falta o dinheiro para a passagem do coletivo? Isso tudo e um pouco mais --ora em tom de poesia, ora em tom de prosa, ora tudo junto e misturado– é o que procurarei trazer daqui para frente, neste espaço do Meon, semanalmente. Discutir mobilidade urbana está (e deve) ir além do que chamamos de deslocamentos de pessoas e bens. Envolve, sem dúvida, toda a pulsação constante de uma cidade, ou seja, sua vivacidade!

Aproveito aqui para também deixar claro que sou pessoa comum. Nem especialista disso ou daquilo. Sou cidadã que, assim como você, mora “na cidade”, mas isso não me basta. Eu quero é “viver a cidade”. Por isso, o tempo todo procuro senti-la em suas variadas dimensões e , sobretudo, em possibilidades do que ela ainda pode vir a ser. Afinal, a todo instante, mudamos nós e vão também mudando as cidades...

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