Por Meon Em Opinião

Deseducação escancarada na porta das escolas

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Um show de horrores. É assim que classifico a entrada da maioria das escolas (e seus arredores) nos momentos de chegada e saída dos alunos. Infrações de todos os tipos envolvendo motoristas correm escancaradas e a vista grossa é geral. Além do mais, não importa se a escola está em zona nobre ou em bairros mais simples, deixando claro que deseducação não se restringe a determinados bairros ou classes sociais como muitos erroneamente insinuam.

E o que causa horror maior é ver crianças e adolescentes assistindo a tamanhas incivilidades praticadas por seus próprios responsáveis e, de certa forma, levadas “pra debaixo do tapete” pelas instituições. No caso das privadas, por exemplo, vão é se indispor com os pais e mães infratores? Têm – sabemos - receio de perder matrículas.  Assim começa – bem na porta das escolas - a formação de uma visão banalizada sobre a maneira como nos comportamos com veículos privados em ruas que (cabe lembrar) são um espaço público.

Não bastassem as filas duplas, compõem o show de incivilidades os veículos estacionados bem embaixo das placas que proíbem tal ato (e detalhe: com pessoas em seu interior distraidamente mexendo em seus celulares como se estivessem dentro do próprio quarto).  E calma: nota-se uma espécie de fila (nada tímida) para a rotatividade perante tais “vagas” vistas como potes de ouro por serem aquelas exatamente nos 50 metros em frente à escola.  E rotatórias ou ilhas de isolamento vão também servindo de amparo aos folgados, que prefiro chamar de “umbiguistas”, visto que pensam somente neles próprios.  E o que dizer dos que travam garagens?  

Conheço uma situação singular em São José que revela como, de fato, algumas pessoas não querem mesmo em nada se levantar do assento do automóvel para caminhar três minutinhos até a porta da escola: o que, de quebra, ainda faria bem à saúde do condutor e dos passageiros (seus filhos, diga-se de passagem).

Simplesmente a renomada instituição – localizada na zona oeste - tem o grande privilégio de estar numa enorme e agradável praça bastante arborizada e com várias vagas (grátis) para o estacionamento dos carros. No entanto, observo que há aqueles (aliás, devem ser os mesmos “umbiguistas” de sempre) que param em frente à porta da escola, debaixo da dita placa do proibido estacionar, e sequer descem dos veículos. Na cara de pau, chegam e ali ficam esperando seu filho! Não podem nem mesmo alegar pressa, pois se assim fosse, não chegariam dez, quinze minutos antes. Certo?

É lógico que falta fiscalização também por parte das prefeituras, mas jamais elas darão conta de ficar de olho em tudo o tempo todo. Em muitos países mais civilizados quanto à mobilidade urbana, esse trabalho de educação – na entrada e arredores da escola - é feito in loco e ao vivo pelos próprios estudantes através de revezamento entre as turmas (em alguns casos, usam coletes sinalizadores como se fizessem o papel de agentes de transito).  É a aula de cidadania praticada para além dos muros da instituição, isto é, nas ruas, envolvendo reais atores.

Aí é que está: nos falta muito ainda para compreender a vida em grupo, seja no respeito ao próximo, seja no entendimento quanto ao trabalho coletivo (e pé no chão literalmente) para a resolução de problemas.

Federica Fochesato é jornalista e educadora

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