Por Meon Em Opinião

É melhor a jornada do que a chegada

Há alguns dias o Globo Repórter contou a história de André de Souza, o brasileiro de 33 anos que estudava à luz de velas e depois saiu da favela para conquistar o mundo, num interessante caso de superação. Com espírito de luta ele se doutorou nos EUA e trabalha numa grande empresa global.

Numa entrevista ele disse que a força de vontade e o desejo de vencer foram essenciais. Depois fez uma conclusão quase filosófica: para se chegar longe não é necessário correr. Para ele a trajetória de vida de uma pessoa "não tem que ser uma corrida, pois ela é uma caminhada". 

Ele tem razão! O seu comentário nos faz lembrar do livro "Zen e a arte da manutenção de motocicletas" (Ed. Paz e Terra), do escritor e filósofo Robert M. Pirsig, falecido recentemente. O livro traz reflexões filosóficas de uma viagem de motocicleta pelas estradas dos EUA, feita pelo próprio escritor com o seu filho, em 1968, durante as férias.

É o livro de filosofia mais vendido no mundo e nele o autor aborda questões fundamentais do nosso ser-estar no mundo e os dilemas da vida contemporânea, nos fazendo refletir sobre problemas como a impaciência, a ansiedade e a vida corrida.

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Para quê a pressa se a vida, afinal, é uma travessia?

Divulgação/Pixabay

Através de metáforas, em algumas passagens o livro nos remete às caminhadas da vida e nos mostra que o mais importante é a caminhada e não a chegada.

A vida é uma travessia, com muitos desafios e surpresas. Como em qualquer jornada, sempre é bom realizá-la de forma agradável, pois não sabemos o que teremos pela frente, ante às imprevisibilidades de tudo o que nos cerca.

Numa das metáforas do livro, o pai ensina ao filho que é preciso escalar uma montanha com paciência e sem a preocupação da chegada. Cada passo deve ser um acontecimento em si mesmo e não se deve viver somente para alcançar um objetivo futuro. Segundo o pai "a vida floresce nas encostas da montanha, não nos cumes" e por isso a escalada deve ser feita sem pressa e sem desejo de se chegar a algum lugar.

A obra nos mostra que apesar da vida ser breve, não adianta correr. Tudo tem a sua hora e o tempo certo, mesmo que não saibamos qual seja esse tempo certo. Como em qualquer caminhada, é preciso parar, contemplar, descansar um pouco e deixar a vida prosseguir. Podemos ter um ponto de chegada, mas será a jornada que vai nos fazer melhores, aproveitando cada momento do presente.

Assim vamos seguindo na caminhada, em busca de algo que dê sentido às nossas vidas e que nos traga felicidade. Mas sem pressa, como nos ensinam o livro e a nossa bela e popular canção "Ando devagar", de Almir Sater e Renato Teixeira: "ando devagar porque já tive pressa...".

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