Por Meon Em Opinião

Renovar a felicidade a cada manhã

O violoncelista espanhol Pablo Casals disse certa vez que renascia toda manhã e esse era o momento ideal para ele começar a sentir cada dia da sua vida. Ele acordava, tocava algumas canções e depois tomava contato com os mistérios do mundo. Segundo o músico, esse constante ritual de recriação era essencial para a sua felicidade.

O exemplo nos mostra que a felicidade pode ser algo bem mais simples do que sempre imaginamos. Ela vem do nosso interior e não adianta buscá-la em outro lugar, fora de nós mesmos.

A felicidade sempre foi e será o grande projeto da agenda humana. Ao longo da história vários pensadores a definiram como um bem supremo, pois para ganhar sentido existencial a vida precisa de significados, uma vez que é "curta demais para ser pequena", como disse Benjamin Disraeli.

Dentre os pensadores que se debruçaram sobre o tema, vale destacar o filósofo grego Epicuro (341-270 a.C.). Para ele, a ânsia por aquisição de bens materiais, a incessante busca por status e poder nos leva à ansiedade e às frustrações. As sensações prazerosas baseadas somente nesses valores desaparecem rápido e logo precisam de outras, num ritmo vicioso, criando frustrações e infelicidades.

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A felicidade pode ser algo bem mais simples do que sempre imaginamos

Pixabay

Segundo o sábio grego, a busca da felicidade deveria vir da superação constante dos sofrimentos interiores, que eram os desejos insatisfeitos, os medos e as fragilidades. Para ele, aprender a viver bem é aprender a enfrentar essas questões, ter bem claro quais são as nossas necessidades essenciais, lidar com as frustrações e gerenciar melhor os prazeres.

Não há receita pronta, mas a filosofia de Epicuro nos ensina que para alcançar a felicidade o homem deve se livrar das vaidades, cultivar os amigos, valorizar a liberdade e ter uma vida mais simples. É preciso aproveitar mais e melhor todas as manhãs, em cada um dos nossos dias.

Esse exercício deve ser contínuo como nos lembra o poeta português Miguel Torga, no poema "Nascer todas as manhãs". Para ele, é preciso não se "acostumar à vida" e "sempre pela primeira vez, com a mesma apetência, o mesmo espanto, a mesma aflição... esquecer em cada poente o do dia anterior. Saborear os frutos do cotidiano sem ter o gosto deles na memória. Nascer todas as manhãs."

A felicidade está ao nosso alcance todos os dias da nossa existência. Deve ser redescoberta a cada manhã, valorizada nas pequenas coisas do cotidiano e nos valores que agregamos ao longo do tempo, nessa apaixonante viagem que se chama vida.

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