Para alguns essa pergunta é retórica, porque a resposta está intrínseca em nosso dia a dia: sim ela deveria ser para todos. Começo com essa questão para apresentar esta coluna que inicio hoje no Portal da Meon. A ideia é que este espaço seja um canal de diálogo sobre a função da arte, da cultura e da criatividade, mas que vai para além do entretenimento e do momento que alguns entendem ser apenas algo supérfluo, ou somente um momento de lazer, e que após todas as outras necessidades sanadas é que então devemos pensar em usufruir da arte por meio de suas linguagens.
Hoje não irei focar na dimensão simbólica da cultura e a função na nossa construção enquanto indivíduos e sociedade, mas vou focar numa dimensão que muitas vezes é a primeira que não pensamos: a econômica. A cada dia que passa muitas profissões estão se tornando obsoletas, principalmente quando pensamos na indústria, agronegócios e serviços.
A tecnologia facilita nossa vida, mas a otimização dos processos coloca em destaque a necessidade da discussão de como manter tantos trabalhadores nestes processos, que a cada dia avançam com mais Inteligência Artificial e automação. E é nesse ponto que gostaria de apresentar um recorte da dimensão das Economias da Cultura.
Neste momento vivemos assistindo diversas telas com filmes, músicas, séries, livros, apresentações culturais, entre outros produtos. Mas, quem são as pessoas por trás de todas estas produções? São profissionais que correspondem a 837,2 mil colaboradores formalmente empregados em 2017, segundo a publicação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) sobre o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil e o PIB Criativo - que representou 2,61% de toda a riqueza gerada em território nacional.
Com isso, a Indústria Criativa totalizou R$ 171,5 bilhões em 2017 – cifra comparável ao valor de mercado da Samsung ou à soma de quatro das maiores instituições financeiras globais (naquele ano). Muitas vezes no senso comum quando pensamos nas grandes produções de filmes, shows, entre outros produtos criativos, não conhecemos todo o universo de empregos diretos e indiretos criados por essa cadeia, mas principalmente esquecemos do nosso entorno fora desses grandes eixos.
Aqui em nossas cidades do Vale do Paraíba são diversos teatros, pontos de cultura, centros culturais, casa de shows, bares com músicas ao vivo, museus, galerias, casas de artesãos com diversos profissionais entre artistas e técnicos, produtores e gestores, que movimentam diretamente outras cadeias de serviços e comércios locais. Você tinha ou tem ideia dessa dimensão colaborativa?
Talvez agora você pode ter mais argumentos antes de dizer que depois da Saúde, Educação e Segurança é necessário investir também na Cultura e na criatividade, mas não no sentido de classificar qual é mais necessário, como se houvesse sempre a regra de colocar em “caixinhas”, disputando orçamento público para investimentos e isenções fiscais. A questão é entender que tudo está interligado e, talvez, entendendo esta dimensão econômica, em um primeiro momento, seja possível diminuir o preconceito e assim possamos começar a discutir as outras dimensões da arte e da cultura.
Queria não precisar citar nesta primeira coluna sobre o momento da pandemia que estamos vivendo, mas é impossível não pensar que as atividades culturais presenciais foram as primeiras a parar e provavelmente serão as últimas a retornar presencialmente. Há muitos profissionais da área vendendo seus instrumentos de trabalhos desde violão até equipamentos de vídeos, para conseguirem sobreviver. Mas essa pauta sobre Política Pública para este contexto que estamos vivendo irei deixar para uma próxima coluna.
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