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Comunicação e deficiência: o embrião da compreensão

Artigo do mês de abril do colunista Mateus Lima, que é professor e PCD (Pessoa com Deficiência) visual

Mateus Lima – Professor e pessoa com deficiência visual (Arquivo Pessoal)

Escrito por Mateus Paulo de Lima

02 MAI 2022 - 11H54 (Atualizada em 02 MAI 2022 - 12H22)

Divulgação

Oi, gente! Terminamos abril, mês da inconfidência e, neste ano, também da semana santa para os cristão. Um excelente período para refletirmos alguns processos da vida em profundidade, ou mesmo do cotidiano. Sobre a pessoa com deficiência, você já se perguntou como é que acontece a comunicação entre alguns indivíduos deste público? Uma resposta imediatista seria "simplesmente "falando". Mas não funciona assim.

Para todos nós, existem várias formas de se comunicar, sendo a verbal, a fala, a principal delas. Deste modo, diante de limitações do corpo, tmabém desenvolvemos a natureza da comunicação não verbal, aqueles conhecimentos adquiridos que obtemos por meio dos sentidos extravisuais. Por exemplo, audição e tato. Há ainda a comunicação sensorial, a interatividade que se manifesta através do corpo que fala.

Atualmente, as ciências da linguagem já debatem existir outras vertentes comunicativas. Entretanto, fiquemos apenas com as três citadas; verbal, não verbal e sensocial. Estou seguro de que, na perspectiva da PCD, conhecer um mínimo sobre estres três processos, já representará um bom feedback inclusivo dentro deste assunto.

Inicialmente, como se dá a comunicação verbal? Basicamente, trata-se de formular ideias e expressá-las em palavras, enquanto o outro ouve, abstrai sentido e assimila seus significados. Quando falamos o nosso interlocutor entende, o que ocorre é um procesos de comunicação de linguagem consolidado, uma máxima entre quem domina o exercício da oralidade. Uma interatividade producente entre aqueles que cresceram escutando e replicando, falando e conferindo sentido para tudo no meio ao qual esteja inserido. Aprendendo e entendendo, se construindo da pré-escola ao doutorado. Embora seja importante saber sobre o domínio de outras línguas, como o inglês, por exemplo, não vamos nos ater nessas especifidades, porque entraríamos em um tema muito mais amplo e complexo. Resumidamente, nossa linguagem verbal é saber falar e/ou conseguir entender aquilo que nos for expressado, o que acontece principalmente na nossa língua materna. Para os brasileiros, no caso, estou me referindo aqui, ao bom e velho português.

Agora, entrando na questão da linguagem não verbal, encontramos elementos para além dos sentidos em si, como a linguagem de sinais, a comunicação tátil feita por surdo- cegos, ou mesmo as adaptações de leitura e escrita. Instruções como o Braile ou o antigo código Morse. Observe que, mesmo sem que haja possibilidades ou capacidades para o exercício vocal, auditivo ou visual, dispomos de um modelo comunicativo cheio de elementos que complementam a construção acessível e eficiente de uma linguagem funcional, ou seja, a base da comunicação não verbal. Ainda que não nos aprofundemos na questão pedagógica do ensino aprendizado, é importante percebermos que mesmo no silêncio ou na escuridão, na paralisia ou na limitação cognitiva, podemos contar com diferentes processos e instrumentos que acessem a informação para além da fala.

Por fim, para desbravar o que é comunicação sensorial, muitos optam por estudar psicologia corporal. No entanto, objetivamente, é possível simplificar explicando que esta acontece frequentemente no grande laboratório da vida cotidiana. Perceba que, quando nos deparamos com situações donde o individuo não domina, ou não tenha condições transitórias ou permanentes de interagir sem sons ou objetos, sem caneta nem sinais, temos a comunicação sensorial. Um momento em que apenas o corpo e suas manifestações expressivas, são quem nos dizem algo sobre o outro. Por exemplo, nossas expressões faciais,

nossa respiração denunciante, nossos tiques e outros movimentos involuntários e instintivos. Juntos, todos são indicadores emocionais daquilo que nossos sentimentos estejam experimentando. Essa linguagem corporal, naturalmente silenciosa em si, representa uma possibilidade estendida a todos. Exemplo: mesmo sem ver, o cego enxerga o outro pela respiração, pelo som de seus movimentos, pelo modo de caminhar, dentre outros sinais audíveis.

Já o surdo, esse percebe o outro com clareza, mesmo na ausência de gestos, na imobilidade dos lábios ou apenas pelo semblante. Assim, observe que você, que acredito ouvir e enxergar pode constatar isso, observando as pessoas que te cercam, analisando aquilo que o corpo diz. Esse fenômeno expressivo ocorre mesmo que esses nada estejam fazendo.

Nós, PCDs e a sociedade em geral, necessitamos pensar mais sobre o tema comunicação e compreensão, porque quando ela não se manifesta em plenitude entre seus interlocutores, a informação e tudo dela resultante, se tornam comprometida. Ser compreendido e fazer-se compreender é preceito fundamental para qualquer êxito social, profissional e humano perante todas as pessoas, incluindo, é claro, as singularidades interativas no universo que envolve a PCD. Pensemos nisso.

Dúvidas e sugestões para novos temas, contate escrevereincluir@gmail.com e vamos juntos propor uma sociedade verdadeiramente comunicativa. Mais uma vez, obrigado pelo prestígio ao Grupo Meon de jornalismo.

Escrito por
Mateus Lima – Professor e pessoa com deficiência visual (Arquivo Pessoal)
Mateus Paulo de Lima

Professor e pessoa com deficiência visual

Graduado em pedagogia. Pós graduado em: Ciências Sociais pela PUC Rio e Políticas Públicas pela PUC DF

Atuou 10 anos como professor da rede estadual do Estado de Rondônia nas disciplinas de Sociologia, Filosofia e Educação Especial

Atualmente trabalha com palestras motivacionais

escrevereincluir@gmail.com

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