O PENSAMENTO
“A humildade é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma que o seja” – Miguel de Cervantes
O FATO
Conheci, convivi e fui admirador e amigo de Mário Ottoboni.
Foi jornalista, escritor, advogado e Secretário Executivo da Câmara de São José dos Campos, por 27 anos, nessa função foi eficaz e leal servidor a todos os vereadores, independentemente de suas cores partidárias. Foi reconhecido pela Edilidade a qual servia que, por justiça, concedeu- lhe o título de CIDADÃO JOSEENSE.
Além do trabalho como secretário, foi jornalista e radialista, trabalhando para os jornais locais Diário da Manhã e Rádio Piratininga.
Como literato notabilizou- se como autor de vários livros e peças teatrais. Em 1965, início da ditadura militar, uma de suas obras foi censurada e teve atores e cenários detidos. O autor foi fichado como “comunista atuante no Vale do Paraíba”. A revolução chamada por muitos de REDENTORA cometeu também arbitrariedades e injustiças. Neste caso, por falta de pesquisas e melhores exames, deixou de conhecer a alma de Mário Ottoboni.
Também se envolveu com o futebol local, tornou-se Presidente do Esporte Clube São José. Durante seu mandato, além de títulos do futebol paulista, reuniu um grupo de joseenses ilustres e de êxito empresarial, o que motivava a torcida a superlotar as humildes dependências do pequeno Estádio da Rua Francisco Saes. Foi a motivação que Mário procurava para vir a criar o suntuoso Estádio Martins Pereira (inaugurado num quadrangular vencido pelo Atlético Mineiro, com o primeiro gol do novíssimo Estádio, marcado por Dadá Maravilha).
Foram anos de euforia, e um artista- torcedor fanático pintou uma tela i lustrando o Presidente Mário, sorrindo e fotogênico, que por anos enfeitava a sala Presidencial.
CONTINUAÇÃO
O tempo passou, novas diretorias vieram e a vida do clube continuava, plena de glórias. Nas muitas mudanças, foi reformada a sala do Presidente e o famoso quadro- retrato tinha que ser removido. Na falta de melhor opção, colocaram-no “Provisoriamente” num toalete embaixo das arquibancadas. Tempos depois, Mário Ottoboni recebia visita internacional de seus parentes da Itália. Fez questão de mostra- lhes as dependências de sua grande obra: o Estádio de SJC. Na parte inferior, deparam com o quadro-retrato NA PRIVADA. Ottoboni, com bom humor nato e presença de espírito definiu: “É o primeiro presidente PRIVADO do Brasil.” Seus tios italianos se emocionaram.
Em 1972, fundou a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC), uma ONG cristã, que procura ressocializar presos do sistema carcerário brasileiro através de um método humanizado. A primeira prisão sob a gerência da APAC se deu em São José dos Campos, no mesmo ano de fundação. Na época, a sigla APAC significava " Amando o Próximo, Amarás a Cristo".
No modelo de prisão da APAC, não há policiais nem uniformes para os prisioneiros. O método APAC, entre seus elementos, tem o trabalho e a religiosidade no processo de ressocialização do preso. Os próprios presos possuem as chaves dos portões.
Prisões gerenciadas pela APAC estão localizadas em diversos estados do Brasil, incluindo Minas Gerais , Ceará, Rio Grande do Sul e São Paulo.
As APACs são unidades que são organizadas pela Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), que por sua vez é ligada à Prison Fellowship International .
Teve retumbante sucesso em todas as missões que corajosamente enfrentou.
MORTE
Mário Ottoboni estava internado em uma UTI no Hospital Antoninho da Rocha Marmo, em São José dos Campos. Acabou por falecer no dia 14 de janeiro de 2019. Como fato extraordinário, devo ressaltar que faleceu na mesma data, em 2016, sua amada esposa Dona Cidinha.
Mário viveu feliz, alegre, charmoso, vibrante e usuário contumaz do bom humor.
Tudo sob a égide do Espírito Santo.
Sua morte foi sentida e reverenciada internacionalmente e deve ser aclamada e respeitada por todas as gerações de nossa querida Terra.
Boleto
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