Por Andressa Lorenzetti Em Opinião Atualizada em 11 JUN 2020 - 13H10

Jovens analisam o atual cenário político do país

Eles se mostram mais atentos e querem ser ouvidos


Nos últimos anos, a política nacional tem ganhado os holofotes, muitas foram as mudanças, discussões e reações. Situação e oposição também podem ser vistas com mais divisão entre os eleitores. O assunto não tem se limitado apenas aos palácios, gabinetes e plenários, tem estado em meio às rodas de conversa, nas redes sociais, nas reuniões de família e ainda com mais destaque na mídia.

A passividade da população que mais assistia a tudo do que efetivamente participava do processo democrático além das urnas, tem dado espaço à uma nova forma de pensar, agir e debater a política. A cobrança antes feita em movimentos pontuais e de pequenos grupos, vem ganhando tamanho, rostos, causas e força. A cada novidade que venha impactar a sociedade, opiniões e manifestações deixam claro que o tema está sendo acompanhado mais de perto e isso se estende também aos mais jovens.

Uma vigilância aliada à ideologias e preferências, que se misturam dentro da realidade de cada um, que assume o seu papel de cidadão considerando a sua classe social, estudo, crenças morais e a identidade racial e de gênero. Mesmo com tanto o que aprender ainda, o jovem se mostra mais atento e também quer ser ouvido.

Para entender como eles têm acompanhando o atual cenário político do país, o Portal Meon, conversou com alguns deles, foi saber o que estão pensando diante de tudo que vem ocorrendo nos governos municipais, estaduais e federal. Para um debate mais equilibrado, falamos com integrantes de movimentos partidários, simpatizantes ou simplesmente observadores, que fazem uma avaliação particular sobre o tema.

"Vivemos um período um tanto quanto complicado, muitas pessoas não sabem o que esta acontecendo ao certo e muito menos como agir. Porém a minha visão, de uma pessoa que perdeu o emprego em meio à essa crise, uma pessoa que tem uma doença que enfraquece e muito o sistema imunológico, acredito que os governos estaduais, as prefeituras e os demais parlamentares estão tomando medidas extremas em meio a pandemia.

É certo que a ciência deve ser respeitada e escutada, porem a ciência tem varias ramificações e sacrificar todas essas vertentes e ouvir somente uma é um erro tão grande quanto não ouvir nenhuma, pois vivemos em um país onde a grande maioria é pobre e depende do trabalho de cada dia para poder viver, como comparar a vida de alguém que mora no centro metropolitano de São Paulo com a vida de alguém que mora nas periferias ou até mesmo de alguém que mora nos sertões do nordeste? Eu, sendo do grupo de risco por praticamente não ter um sistema imunológico, digo que as medidas devem ser ponderadas e que o desemprego acabará matando muito mais do que o vírus, então quem pode ficar em casa, fique em casa e quem não pode que Deus os proteja". comentou Leonardo Lucas, 22 anos, estudante e desempregado.

"O governo Bolsonaro atua contra os nossos direitos como cidadãos. Deveríamos ter todos os direitos garantidos, principalmente o direito à vida, o qual atualmente não está sendo garantido, pois o mais importante para ele é proteger a economia e sua família. Ignora os milhares de estudantes e trabalhadores na extrema pobreza. Se a cidadania está fortemente associada à democracia, nós não estamos vivendo em uma", disse Nathalia Fernanda, estudante de escola pública, coletivo Juntos.

"A pandemia tem me deixado com o pensamento dividido e muito preocupada. Pois está havendo uma politicagem tão grande em cima desse assunto que em cada lado vemos um tipo de informação (onde todas elas se contradizem). Sendo assim os cidadãos que trabalham em pequenas empresas e os empresários dessas mesmas empresas ficam na mão dessa "politicagem" toda que não permite trabalhar quem realmente precisa. Fico triste em saber que quem não morrer de corona poderá morrer de fome.", desabafa Rafaela Ferreira, 21 anos, que atua na hotelaria hospitalar

"Apesar da vitória dos parlamentares de esquerda em conseguir aumentar o auxílio emergencial (o plano original de Guedes e do governo Bolsonaro era um auxílio no valor de 200 reais), o governo tem se mostrado altamente ineficaz no pagamento deste auxílio. Muitos brasileiros em situação de carência tiveram seus cadastros negados e muitos outros enfrentaram problemas na hora de retirar o auxílio, causando aglomerações em frente aos bancos de todo país, colocando em perigo de contaminação diversos indivíduos inclusive do grupo de risco". disse Lucas Custódio, professor, coletivo Juntos

"Enfrentamos um período muito complicado, ainda existem poucas informações sobre esse vírus. Mas os dados de número de mortos e quantidade de habitantes mostram que a letalidade ainda é baixa, não querendo minimizar o sofrimento dos que perderam pessoas próximas em decorrência do vírus, mas estatisticamente ainda é mais provável que alguém morra em um acidente de trânsito a caminho do hospital do que em decorrência do vírus em si. Entramos cedo demais nesse isolamento (por erro do atual governador) e existe a possibilidade de termos postergado o pico da doença para o inverno brasileiro, época onde a saúde em nosso país já beira o colapso mesmo sem o vírus. A crise sanitária ainda não chegou mas a econômica com certeza já bate em nossa porta.

Centenas de milhares de empresas já declararam falência e é quase imensurável o número de desempregos que esse isolamento causou, já que pelo efeito em cascata sentiremos o impacto ainda por muitos anos. O mais triste de toda essa situação é o comportamento de parte da classe política de centro e esquerda que utilizam os caixões como palanque, adulteraram dados referentes a pandemia e desviaram verbas federais enviadas para o combate ao vírus (como já provado por investigações e operações da PF). Todo esse contexto e a liberdade para compras sem licitações, abriram margem para aflorar tudo que há de mais negativo na classe política. Provavelmente se passarão décadas após o "fim" desse vírus e ainda existirão esquemas de corrupção, da época atual, jamais descobertos", analisa Wallace Prado, 29 anos, membro da executiva do PTC de SJC e pré candidato a vereador.

"A força do movimento estudantil e da juventude já mostrou no mundo inteiro que é determinante na luta por direitos. Aqui no Brasil, o governo Bolsonaro está tentando diariamente, desde antes da pandemia, aprofundar uma lógica de violência, estimulando o autoritarismo e transformando nossos direitos em mercadoria para empresários lucrarem. O motivo pelo qual ele está tendo muita dificuldade é exatamente por causa da força da juventude, que desde o tsunami da educação que parou o Brasil em 2019, está colocando um freio no seu projeto neoliberal". complementa Eduardo Carniel, estudante e professor de inglês, coletivo Juntos

"Nós não acreditávamos que seria possível. Os poderosos e autoritários tinham vencido as eleições de 2018, e nós, meros estudantes indignados, vimos nossos sonhos de transformar nossa realidade pela educação ameaçado. Carregamos conosco uma história de luta que não nasceu ontem ou somente com o intuito de derrubar o governo Bolsonaro.

Nós resistimos desde a ditadura, sem dar um passo para trás, seguindo sempre em defesa de um país sem injustiças. Fomos milhões no dia 15 de maio de 2019, em centenas de cidades pelo país, em defesa das universidades públicas, estaduais, e até mesmo as privadas. Os institutos federais e escolas estaduais vieram conosco. Varremos as ruas desse país como um verdadeiro tsunami da educação. Hoje, mesmo em nossas casas, seguimos juntos, em luta, contra o governo que prega o autoritarismo e a desigualdade", comenta João Vitor Souza, liderança do movimento Juntos. 

Na sequência estão algumas fotos enviadas pelos entrevistados, de atos e manifestações políticas com a participação de jovens em São José dos Campos e outras cidades, antes e durante a quarentena, como o "tsnumani" da educação em 2019.  


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