Rapper apresenta novo disco "O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui"
Renan Simão
Em certa parte do show da sexta-feira (22) no Sesc de Taubaté, Emicida canta a música “Então Toma”, de 2011: “Falar é fácil, por isso tem tanto MC/Fazer nem tanto, por isso cê não vê todos aqui”. Pouco mais de dois anos e meio depois, Emicida confirma a presença no cenário do rap nacional com show de seu primeiro álbum “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui”. Quem perdeu, ainda tem a oportunidade de ver o artista em show neste sábado (22), no Sesc São José dos Campos, às 20h.
Emicida é dos poucos que mantém intimidação e carisma no palco, dentro de um repertório com muitas músicas conhecidas do público. Depois de anos nas rinhas de MC’s, mixtapes e EPs, shows pelo Brasil, música com o Neymar (“Zica, Vai Lá”), música na novela (“Zoião”) e o mainstream abraçado –e criticado no disco-, o show do rapper traz universos musicais para o seu território e não o contrário.
Começa com os chamativos mais populares do disco: “Levanta e Anda”, “Gueto” -uma parceria com MC Guime-, “Zoião” e “Hoje Cedo”. Destaque para a última, uma parceria com a cantora Pitty, que exagera num refrão e sample pops para dar base à letra contra o próprio mainstream.
Emicida sabe que está num ambiente do rap clássico, de confronto e contestação, mas não liga de passar cinco músicas quase sussurrando, sendo sentimental e até romântico. A tocante “Crisântemo” que conta a história da morte do pai bêbado e a doce “Sol de Giz de Cera”, feita em homenagem à filha, dão outro clima ao show e o público não se incomoda.
A banda formada por Doni Jr. (violão, cavaco e guitarra), Anna Tréa (violão e guitarra), Carlos Café (percussão), Samuel Bueno (baixo) e DJ Nyack segura a responsabilidade de reproduzir as várias participações do álbum e transforma o show ora num sambão, ora num groove, passando até por uma sonoridade dub na afrobrasileira “Ubuntu Fristaili”. Em várias músicas a cozinha da percussão está presente com tamborim, pandeiro e caixa.
Os hits antigos retomam o show, mantendo os braços da platéia para o alto com “E.M.I.C.I.D.A”, “Zica, Vai Lá” e “Rua Augusta”. Entre os blocos de música, Leandro Roque de Oliveira (nome de registro do rapper) faz com que rima e conversa com o público coexistam. Misto de palavra de ordem e motivação, as letras saem naturais como prosa, mostrando que Emicida é mais um deles e não um líder.
Mesmo tocando para um público pequeno em uma cidade do interior paulista, o rapper sabe que tem de mostrar respeito aos símbolos do rap nacional. A conhecida sequência de “Tic Tac”, dos Doctor’s MCs, “Verão na VR”, do Sistema Negro, “Us Mano e As Mina”, de Xis, “Fogo na Bomba”, de De Menos Crime e “Rap é Compromisso”, de Sabotage tiram essa da conta do calejado novato no panteão do hip hop brasileiro e encerram a apresentação de um dos melhores rappers da atualidade.
Aperitivo
De passagem, Emicida entoou os xingamentos de “Dedo na Ferida”, música que o rapper compôs em protesto à atuação violenta da Polícia Militar no processo de reintegração de posse da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos. Se apresentando na terra dos joseenses, o show pode ter um gosto especial para o artista e para o público.
EMICIDA
Quando: sábado (22), às 20h
Onde: Ginásio do Sesc - av. Adhemar de Barros, 999, Jd. S. Dimas, São José dos Campos
Quanto: R$ 6 a R$ 30
Informações: (12) 3904-2000
Boleto
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