Por Felipe Mortara Em Cultura

Embarque em uma incrível expedição à Machu Picchu

Acompanhe o passo a passo de uma viagem inesquecível ao Peru

huchuyccasa

No caminho de Machu Picchu, no Peru

Divulgação

O amargor da folha de coca contrastava com a doce visão. A pressa dos batimentos cardíacos parecia duelar com a paisagem, que pedia calma para ser desfrutada. No Passo de Huchuyccasa, a 4.414 metros de altitude, o horizonte andino brinca de miragem com picos nevados e nuvens velozes. A vista premia quem ali chega após quase três horas morro acima. Ou melhor, montanha, porque chamar um colosso desses de "morro" é quase ofensivo. No fundo do vale, lagoas surreais confundem tons de azul e verde clarinhos. Falta ar. E palavras.

Estamos no segundo dia do caminho Lares, que parte de Cuzco e cujo objetivo final é Machu Picchu. Contudo, não termina diretamente na mais famosa das ruínas peruanas, diferentemente da clássica Trilha Inca. Mas também destoa da alternativa Salkantay - afinal, quem embarca nesses dois roteiros só pode seguir ou voltar a pé ou em lombo de mula.

Em comum, todas oferecem visuais fabulosos e a possibilidade de dormir em barracas, no melhor estilo mochileiro. Lares, porém, guarda vantagens consideráveis, especialmente para quem não se sente à vontade para caminhar todos os dias e quer ter a certeza de dormir numa cama confortável.

No roteiro elaborado pelo MLP (Mountain Lodges of Peru), que também conta com boas acomodações em Salkantay, Lares não é propriamente uma trilha, com começo, meio e a obrigação de cumpri-la até o fim. Trata-se de um roteiro sofisticado: combina pequenas comunidades com pouco ou nenhum contato com turistas e caminhadas por vales e lagoas pouco badalados - mas não menos incríveis.

Ação ou preguiça
Trekking, cultura local e muita história - presente em inúmeras ruínas pelo caminho - se misturam na medida certa em períodos de cinco ou sete dias. E o melhor: as atividades são sob demanda. A cada fim de tarde, você define sua programação para o dia seguinte entre opções mais agitadas ou mais culturais. A ideia é que o roteiro agrade a viajantes de diferentes perfis.

Sempre mais ativa, a primeira opção conta com caminhadas que podem variar de cinco a oito horas, cruzando pontos de interesse natural ou histórico com almoço em comunidades ou diante de cenários impressionantes. Já a segunda, chamada semiativa, em geral combina trekkings mais suaves, de até cinco horas, com imersões maiores em vilarejos, centros de artesanatos e ruínas arqueológicas. O traslado entre os pontos é feito por van. Em alguns dias, pode ser oferecida atividade que não envolva qualquer esforço.

Por exemplo, no segundo dia, enquanto o grupo ativo atravessava o Passo de Huchuyccasa, os outros estavam nas ruínas de Ancasmarca, a 4.044 metros de altitude, com uma variedade de construções incas, entre moradias, depósitos de comida e áreas de cultivo. Em seguida, caminharam por cerca de três horas, moderadamente, até Cuncani (3.884 m) e Huacawasi (3.800 m), onde todos se encontraram. Pode parecer intenso (e é), mas pessoas pouco preparadas fisicamente cumpriram o trajeto sem sofrimento.

Em sintonia
Uma das particularidades do percurso Lares é a interação com isoladas comunidades rurais, algo que tanto a Trilha Inca quanto a de Salkantay não oferecem na mesma intensidade. "É incrível, pois dá para sentir o espírito andino e perceber de pertinho a gentileza das pessoas, por mais simples que sejam", observa a empresária Eliane Leite, de 35 anos.

Os pernoites ocorrem sempre em confortáveis hospedagens que empregam mão de obra das vilas. O Mountain Lodges of Peru possui duas acomodações nas pequeninas Huacawasi e Lamay, ambas com oito bem decorados apartamentos. Até março de 2016, contará com mais um, em Patacancha (3.848 m).

O MLP trabalha em conjunto com as populações locais sob o modelo de joint-venture. Os terrenos continuam pertencendo à comunidade, que fica com uma margem que varia de 20% a 25% da renda dos lodges. "Dessa forma, o povoado nunca perde a propriedade de sua terra e cuida do desenvolvimento de todo o entorno, e não de apenas alguns elementos pontuais, como a água ou o acesso", afirma o gerente geral do projeto, Enrique Umbert.

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