Por Renan Simão Em Cultura

Grafitar muro é atividade em escola pública de Jacareí

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Grafite de retrato da família Cambusano, símbolo das artes jacareienses

Flávio Pereira/Meon

Na escola estadual João Feliciano de Jacareí os conteúdos das aulas de Educação Artística e História do ensino médio são aplicados com tinta de spray do lado de fora das classes: no muro da escola, dentro do projeto Memorial Jacareí. 

À primeira vista, a parede pintada pode sugerir que esse é apenas mais um dos grafites espalhados pela cidade. Vê-se, no entanto, contrastes que aliam linguagens do passado e presente, por exemplo, registros de desenhos dos personagens do jogo de videogame Mario Bros no mesmo muro em que há referência à antiga estrutura da ponte Nossa Senhora da Conceição, que liga as margens de trecho do rio Paraíba do Sul.

"A ideia era que o projeto não fugisse muito daquilo que o adolescente conhece como grafite. Tem o spray, tem o colorido, mas também tem o preto e branco. É uma forma do passado da cidade se aproximar dos jovens", afirma a diretora da escola Mariane Rici, 46 anos.

Ao longo de cinco painéis que se estendem por uma aresta do quarteirão da escola, estão a estação ferroviária, a construção da fábrica de meias Victória e a projeção de um retrato da família Cambusano, conhecida por ter membros tradicionais do campo artístico de Jacareí, como o fotógrafo Roberto Cambusano.

"Tem muito jovem que já tem uma má impressão da escola, parece que já sabe que o caminho dele não é por aqui. O projeto é importante para dar um olhar diferente para a escola. Saber que dá para fazer uma coisa legal dentro da escola", diz Tainã Moreno, 33 anos, grafiteiro e produtor cultural da SV Cultura, empresa parceira do projeto.

Além de estimular a curiosidade dos adolescentes para uma forma de arte contemporânea, Tainã conta que o principal objetivo do Memorial Jacareí é diminuir a evasão escolar e fazer com que as tardes de grafitagem sirvam de atividade extra-curricular para as aulas. Como essa é primeira edição da atividade, as aulas de grafite ainda não são obrigatórias para os alunos e a avaliação em nota fica a critério dos professores de Artes e História. 

Técnica
Com o auxílio dos profissionais Tainã e Rafael Ferreira, os jovens utilizaram diversas técnicas do grafite, desde o rolinho de tinta à fita crepe, passando pelo desenho com projetor, arte estêncil, free hand, 3D, bomb (siglas e tags estilizadas) e piece (grafite mais demorado e trabalhado).

Mas o muro que custou R$ 8 mil com verba do Instituto Unibanco "não é para ficar bonito", como lembra Tainã. "Nós ajudamos, fizemos muita coisa aqui, mas o trabalho é deles, não é para ficar perfeito. É uma oficina pra eles. Tem o traço deles".

A diretora adianta que ainda em 2015 as portas das salas de aula vão receber nova tinta e spray do projeto Memorial Jacareí. "Vai ser uma escola diferente. Queremos que seja a cara do aluno", diz Mariane.

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