Negócio da China vira febre entre internautas da RMVale

Endereços oferecem desde acessórios para carro até bolsas e vestidos

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Sites que oferecem produtos vindos da China a tentadores preços 50% menores do que os praticados no mercado caíram definitivamente no gosto dos internautas da região. Em endereços como o AliExpress encontra-se tudo: de tapetes para carro até termômetros digitais para crianças.

Variedade, preço e comodidade formam um irresistível apelo consumista. Roupas, sapatos e acessórios estão entre os itens preferidos de quem acessa o site. Os produtos vêm direto do país asiático, o que acarreta um tempo de espera que leva até três meses para a entrega.

“O segredo é ter paciência e não comprar com urgência porque demora mesmo. Dependendo do fornecedor, são dois ou três meses até chegar”, explica a estudante Thay Ávila, que acessa o site para comprar roupas, bolsas, bijuterias e acessórios para a casa.

Se o preço baixo é uma tentação, a qualidade dos produtos ainda gera controvérsias entre os usuários. Há quem reclame que as peças que chegam são diferentes das anunciadas e que, principalmente, quando se trata de vestuário, o material é de segunda linha.

Entretanto, a estudante Letícia Ramos, cliente dos sites desde o ano passado, afirma que as compras valem a pena. “Recentemente comprei uma bota. Já tinha comprado capas para celular, óculos de sol, bolsa, camisa e relógio. São muito baratas. Vale a pena porque já encontrei produtos com a mesma qualidade no shopping, por exemplo, por preços absurdos”, afirma.

Noiva
Se a maioria dos clientes opta por compras modestas nos endereços eletrônicos, alguns, entretanto escolhem o site para compras mais extravagantes. No caso da redatora publicitária, Pâmela Elizeu Ferreira, de Taubaté, o negócio da China foi comprar seu vestido de noiva por R$ 900.

A peça, que no Brasil não sai por menos de R$ 1.800 caiu como uma luva em um casamento cujo objetivo era maneirar nos gastos. A decisão de comprar o vestido pela internet veio depois de muita procura e de consultar a opinião das amigas e familiares.

“Eu e meu noivo estamos fazendo um casamento bem simples. Eu queria um vestido bonito, mas não queria gastar dinheiro. O vestido custou U$ 270 e fui taxada em 60% do valor. A peça ainda exigiu uma entrega especial, o que custou mais U$ 150. Fiz o pedido no dia 5 de maio e recebi no dia 20 de junho. A qualidade é ótima, tudo como eu esperava ”, diz.

Más condições 
De acordo com a especialista em exportações e logística, Miroslava Hamzagic Zaratin, professora da Unitau (Universidade de Taubaté), o baixo custo dos produtos chineses é resultado de uma mão-de-obra muito mais barata do que a aplicada em outros países.

A especialista também atribui à baixa qualidade dos produtos a disparidade nos preços. Contrária ao crescimento do comércio de sites como esses, Miroslava destaca a condição precária na qual os trabalhadores daquele país precisam trabalhar para garantir que os preços sejam tão baixos.

“Apesar das melhorias de qualidade de contratação, os chineses ainda não estão perto da qualidade dos nossos direitos trabalhistas. Eles ainda estão muito atrás do que se deseja como melhoria”, afirma.

De acordo com a professora, apesar de existirem empresas de compromisso com a qualidade na China, os preços muito menores vem de fábricas clandestinas, que oferecem produtos similares.

“Acima de tudo, o mercado brasileiro perde vendas. Essa concorrência é desleal, você está comprando um produto, financiando péssimas condições de trabalho e excluindo o mercado nacional. Essas vendas comprometem diretamente as nossas empresas e o nosso mercado”, conclui.