Por Larissa Fafá Em Cultura

Pernas em ação até o Pico da Bandeira

Pico da Bandeira, Serra do Caparaó

A rota mais íngreme é capixaba

Divulgação/Estadão Contéudo

Escolha entre a rota mais íngreme e desafiadora ou a mais longa e amena: o importante é se aventurar pelas trilhas do Caparaó e chegar ao terceiro ponto mais alto do Brasil.

O caminho é tão acidentado que, em alguns momentos, duvidei de que pudesse concluir o percurso. Vencer o íngreme percurso de pedras até o topo é desafio de tirar o fôlego, literalmente. Até mesmo dos aventureiros mais acostumados a trilhas duras.

Mas a recompensa vem à altura, e que altura. Sobre os 2.891 metros de altitude do Pico da Bandeira, na divisa entre os Estados de Espírito Santo e Minas Gerais, a vista inclui a linha do horizonte acima das nuvens.

Terceiro ponto mais alto do Brasil, o Pico da Bandeira é considerado, ainda assim, de acesso relativamente fácil. Fica no Parque Nacional do Caparaó, com entradas pelos dois Estados. No ano passado, cerca de 36 mil visitantes foram até lá, interessados também em outras opções de passeios ao ar livre. Há cinco cachoeiras espalhadas pelos 31,8 mil hectares do parque - possíveis apenas no verão, já que ficam geladíssimas no inverno, vale destacar. A área também abriga uma das maiores reservas de Mata Atlântica do País, boa pedida para observar flora e fauna em caminhadas por trilhas.

O pote de ouro no fim do arco-íris, no entanto, é o Pico da Bandeira. E, para ir lá, a melhor época é mesmo o inverno. Apesar de as temperaturas atingirem marcas negativas, o tempo seco garante vistas espetaculares lá do alto e um percurso mais tranquilo nas trilhas.

Pela entrada capixaba, a caminhada até lá em cima é mais curta, mas os 4,2 quilômetros estão em terreno acidentado e íngreme, o que exige disposição. Quem vai pela portaria de Minas Gerais percorre quase o dobro da distância, mas as inclinações são moderadas. Apenas 100 metros antes de chegar ao topo, os dois caminhos se unem. O momento final e mais emocionante, portanto, é idêntico para todos os visitantes.

Percurso capixaba 

No Espírito Santo, a aventura começa no distrito de Pedra Menina, na cidade de Dores do Rio Preto, a 247 quilômetros da capital Vitória. Por lá, é possível acampar em dois locais: Macieira, com estrutura para churrasco e água quente; e, 5,5 quilômetros adiante, Casa Queimada, o ponto de acampamento mais próximo do Pico da Bandeira.

Até ali o visitante ainda conta com o conforto e a facilidade de ir de carro. Depois, será a vez de as pernas entrarem em ação para vencer os 4,2 quilômetros que separam Casa Queimada do pico

Parece perto e é mesmo. Mas não fácil. Apaixonado pelo lugar e há três anos conduzindo grupos montanha acima, o guia Anadson de Souza, 28 anos, lembra que algum preparo físico é necessário, sim. "Não é um caminho muito longo, mas a subida é muito puxada. Não adianta só fazer alongamento antes de começar se a pessoa não tem condicionamento para fazer exercícios", diz.

Lado mineiro 

Pela entrada mineira do parque, a cidade de Alto Caparaó, a 371 quilômetros de Belo Horizonte, também conta com dois locais de acampamento. Tronqueira, com melhor infraestrutura (tem até quiosques), é o mais confortável. Adiante, depois de 3,7 quilômetros fica o Terreirão, mais próximo do pico - e bastante rudimentar. Há apenas alguns banheiros. Além disso, ali não se chega de carro. O veículo fica estacionado em Tronqueira. Em compensação, as trilhas são bem mais amenas que as do lado capixaba.

Ainda que acampar não seja o seu estilo de viajar, vale a pena fazer o esforço ao menos uma noite. Melhor ainda se for de lua cheia. Isso porque o grande momento no topo do Pico da Bandeira é o nascer do sol. Você vai acordar de madrugada para enfrentar a caminhada, sim. Em troca verá aquele que talvez seja o alvorecer mais belo de que terá lembrança depois.



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