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Brasileiros em Kursk dizem que salário baixo é empecilho para ficar na Rússia

O casal Rodrigo e Phâmela de Oliveira é apaixonado pela Rússia. Eles vivem há cinco anos no país e têm um filho, Rodrigo Jaime, que já se diz russo. É uma graça vê-lo falando bem os dois idiomas: português, com o pai, e russo, com a mãe. Rodrigo está terminando o curso de Medicina; Phâmela estuda russo e trabalha no restaurante Natália.

Tudo estaria perfeito se não fossem dois problemas. Eles não podem ter outro filho, como gostariam, porque ele não teria visto de permanência. Outra questão: o salário inicial de um médico na Rússia gira em torno de R$ 1 mil.

A questão do visto é polêmica. Rodrigo tem visto como estudante; Phâmela, também. A entidade onde ela estuda abriu uma exceção e concedeu visto para o primeiro filho. Mas avisou: um segundo não teria o mesmo benefício. A instituição de ensino não permite que o visto de permanência se estenda aos familiares. Vale só para o aluno. Com isso, ela teria de voltar para o Brasil no espaço de três meses caso tivesse o segundo filho. "Represento mão de obra específica da área de saúde. Acho que meu visto deveria se estender à família. Em algumas cidades, os pais conseguiram a extensão na Justiça", contou Rodrigo.

Outro empecilho para o futuro na Rússia é a questão salarial. Como é grande a oferta de médicos em território russo, a remuneração é baixa no início da carreira. O salário inicial de um clínico-geral fica em torno de 18 mil rublos (R$ 1.100). Já um cirurgião da área privada, que começa a se fortalecer no mercado de saúde da Rússia, ganha 118 mil rublos (R$ 7.200). No Brasil, a remuneração do programa Mais Médicos, do Governo Federal, está em aproximadamente R$ 11 mil.

Por essas razões, o casal decidiu que não vai continuar na Rússia após a conquista do diploma. Essa também é a postura da maioria dos estudantes que a reportagem ouviu em Kursk. "Se a remuneração fosse melhor, a gente ficaria aqui. Se eu decidir ficar mais um tempo pela especialização será apenas pelo meu filho, que já está adaptado", afirmou.

"Pretendo voltar para o Brasil, pegar o CRM (registro no Conselho Regional de Medicina), conseguir me estabilizar na carreira e fazer uma especialização fora do País. Ainda não sei se fico na Rússia", disse Bárbara Ludmilla, que vai se formar no ano que vem.

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