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Maracanã sediou títulos e confrontos memoráveis de Palmeiras e Santos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A lembrança que Pepe tem de seu jogo mais importante no Maracanã é a de conversar com Dalmo e pedir para o lateral bater um pênalti. "Minhas pernas estão tremendo", confessou o ponta esquerda ao passar a bola para o colega.

Dalmo cobrou, fez o gol e o Santos venceu o Milan (ITA) por 1 a 0 para conquistar o bi mundial em 1963.

Apesar da memória afetada pela demência, o olhar de Brandãozinho se acendia quando via fotos do time do Palmeiras campeão da Copa Rio de 1951. Para o clube paulista, trata-se de título mundial, embora não tenha sido reconhecido pela Fifa até hoje.

"Claro que foi Mundial. E como foi!", disse o atacante daquela equipe, ao jornal Folha de S.Paulo, em 2019. Ele morreu no último dia 5, aos 90 anos.

No próximo dia 30, Santos e Palmeiras entrarão em campo no mesmo Maracanã para decidirem a Libertadores.

Será a primeira vez que uma equipe brasileira levantará a taça do torneio no estádio. O Fluminense fez lá a final de 2008 com a LDU (EQU), mas perdeu nos pênaltis. O Vasco foi campeão no Rio de Janeiro, em 1998, mas preferiu enfrentar o Barcelona (EQU) em São Januário.

Antes disso, em 1963, o Santos jogou a primeira partida da final sul-americana diante do Boca Juniors (ARG) no Maracanã. Venceu por 3 a 2, mas a conquista foi sacramentada em Buenos Aires.

"Todo mundo se lembra da nossa vitória em La Bombonera porque o Boca quase nunca perde lá. Mas no Maracanã fizemos um primeiro tempo memorável", relembra Lima, o coringa daquele elenco da década de 1960.

O Palmeiras foi campeão brasileiro no mesmo local quatro anos depois. Em um jogo de desempate com o Náutico, ganhou por 2 a 0, com gols de César Maluco e Ademir da Guia.

Não são memoráveis apenas as finais ou os jogos que selaram títulos. Um dos grandes momentos do Palmeiras no Maracanã ocorreu no Nacional de 1979. Contra um Flamengo que nos quatro anos seguintes seria três vezes campeão brasileiro, o time alviverde goleou por 4 a 1 em confronto transmitido pela TV para todo o país, algo raro na época.

O triunfo teve desdobramentos que foram além dos 90 minutos. Foi o momento que levou Telê Santana para o comando da seleção brasileira. Ele iniciaria em 1980 a montagem da equipe para a Copa do Mundo de 1982.

Márcio Braga, então presidente do Flamengo, havia previsto que o adversário, com elenco menos badalado que o rubro-negro, tremeria ao ver as arquibancadas lotadas (foram 112 mil pessoas).

"Não posso falar agora. Ainda estou com medo do Maracanã", ironizou o atacante palmeirense Jorge Mendonça após a vitória.

A partida de torneios oficiais com maior público da história do Santos foi no mesmo estádio, mas sem final feliz. O time foi derrotado por 3 a 0 pelo Flamengo na decisão do Brasileiro de 1983. Com 155.523 pessoas, é também o jogo com maior presença de torcedores na competição em todos os tempos.

"Tinha jogador com tanto medo do Maracanã lotado que eu quase tive de chutá-lo para dentro do campo", disse anos depois Serginho Chulapa, sem citar nomes.

Se derrotar o rival e conquistar o tetra, o Santos igualará Flamengo como clube com mais títulos conquistados no estádio. Seriam nove. Além do Mundial de 1963, foi campeão dos Brasileiros de 1962, 1964, 1965 e 1968, e do Rio-São Paulo em 1963, 1964 e 1997.

Foi também no Maracanã que Pelé marcou seu milésimo gol, de pênalti, contra o Vasco, em 1969.

Infelizmente, o maior jogo da história entre Palmeiras e Santos será disputado sem público, em razão da pandemia da Covid-19. O Templo do Futebol merecia mais.

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