RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Paulo Wanderley Teixeira, 70, foi reeleito nesta quarta-feira (7) presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para um mandato de quatro anos, oficialmente de 15 de janeiro de 2021 até o fim de 2024, período que de forma excepcional terá duas edições dos Jogos Olímpicos.
Ao lado do vice Marco La Porta, ele continuará comandando a principal entidade do esporte olímpico nacional tanto nos Jogos de Tóquio, adiados de 2020 para 2021 por causa da pandemia, quanto em Paris-2024. Entre eles também haverá os Jogos de Inverno de Pequim-2022.
A votação foi realizada em um hotel no Rio de Janeiro e teve vitória de Paulo Wanderley ainda no primeiro turno, com maioria de 26 votos.
Rafael Westrupp, presidente da Confederação Brasileira de Tênis e que tinha como vice o ex-jogador de vôlei de praia Emanuel Rego, recebeu 20 votos. Helio Meirelles, do pentatlo moderno, apenas 2.
O colégio eleitoral seria formado por 49 integrantes, mas a Confederação Brasileira de Handebol, envolvida em uma série de problemas judiciais, não enviou representante.
Votaram, portanto, 34 dirigentes de confederações, 12 membros da Comissão de Atletas (Cacob), e os dois integrantes brasileiros do Comitê Olímpico Internacional (COI): Andrew Parsons, presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, e o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman.
Apesar dos votos serem secretos, como havia um aparente equilíbrio de apoio de confederações entre Wanderley e Westrupp (oficialmente com vantagem para o primeiro), a Cacob teve participação decisiva na escolha do mandatário, ainda que não seja possível precisar se votaram em bloco, como pretendiam.
"Eu cheguei com 20 confederações me apoiando. Ganhei votos, perdi votos. Não tive nenhum papo com os atletas pedindo nada. Fui convidado por eles para explanar o meu projeto e fizemos. Não podem dizer, nenhum deles, que sofreram assédio", afirmou o presidente do comitê em entrevista coletiva.
Sobre a disputa acirrada e por vezes tensa entre ele e Westrupp nas últimas semanas, o reeleito adotou tom apaziguador e comparou a uma "briga de família".
"Houve interferência de políticos, ex-ministros. Chegaram diversas promessas, mas não vingaram, por isso estou aqui. O COB não é de político. Precisamos do Congresso, mas não para a ordem olímpica", disse, em referência ao apoio do ex-ministro do Esporte Leandro Cruz (governo Temer) ao seu principal rival. Já Emanuel estava na Secretaria de Esporte do governo Jair Bolsonaro até junho.
Paulo Wnaderley tentará agora trabalhar para que a concorrência inédita, com 22 votos a favor de seus adversários, não estimule rachas nos próximos anos de sua gestão.
Ele se tornou o primeiro chefe do COB eleito nas urnas desde 1979. Na ocasião, Sylvio de Magalhães Padilha derrotou Carlos Arthur Nuzman. O major comandou a entidade por quase três décadas.
Em 1995, Nuzman, ex-presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), assumiu a presidência. Ele deu as cartas na entidade até 2017, quando renunciou após ser preso durante investigação sobre suposta formação de organização criminosa para lucrar com a realização dos Jogos do Rio-2016. Quem assumiu o cargo foi Paulo Wanderley, que era seu vice.
Na véspera da eleição, a chapa de Helio Meirelles com o vice Robson Caetano perdeu quase todos os apoios de confederações que tinha: tênis de mesa, levantamento de pesos, remo e tiro esportivo.
A eleição ocorreu, de forma geral, com respeito a medidas sanitárias (uso de máscaras e distanciamento social) por conta da pandemia. Na leitura dos votos, porém, cerca de dez pessoas se sentaram próximas umas das outras.
O que causou preocupação foi o fato de que Mauro Silva, presidente da Confederação de Boxe, recebeu diagnóstico positivo de Covid-19 na noite de terça (6). Ele se isolou no hotel e enviou um representante para o pleito. O receio se dá pelo fato de que os dirigentes estão hospedados no mesmo local, e vários participaram de jantar de apoio a Wanderley na última noite.
Também foram eleitos sete novos membros ligados a confederações esportivas para o Conselho de Administração do COB: Jose Luiz Vasconcellos (Ciclismo), Karl Anders Ivar Pettersson (Desportos na Neve), Matheus Figueiredo (Desportos no Gelo), Raphael Nishimura (Escalada Esportiva), Alberto Cavalcanti Maciel Junior (Taekwondo), Silvio Acácio Borges (Judô) e Ernesto Teixeira Pitanga (Triatlo).
Para a vaga de membro independente do conselho foi eleito Ricardo Leyser Gonçalves, ex-ministro do Esporte no governo Dilma Rousseff (PT) e filiado ao PCdoB.
O professor de educação física Humberto Aparecido Panzetti não teve concorrência, após desistência de Felipe Cordeiro, e passará a fazer parte do Conselho de Ética.
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