“Haverá gerações que pensarão que os filmes são apenas isso – é isso que os filmes são” – Manifestou o renomado cineasta Martin Scorsese, em uma entrevista à revista QG. Mostrando seu ápice com a colossal bilheteria de “Vingadores: Ultimato”, lançado em 2019 pela Marvel Studios, é notável nas últimas décadas a popularização dos “blockbusters” na cultura pop ao redor do mundo.
A construção de uma história que ia além de uma única sequência de filmes foi uma aposta bem sucedida realizada pela empresa no decorrer dos anos, que alcançou marcas extraordinárias de bilheteria. Contudo, nos últimos lançamentos, a mesma tem tido dificuldade em alcançar a mesma audiência elevada. Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Boca a Boca, apenas 30% da população nacional tem ido às salas mensalmente, número expressivamente diferente dos antigos 80% antes da pandemia do Covid-19, fora que somente 20% interessa-se em filmes de heróis e semelhantes. Isso deve-se também, além da baixa variedade em cartaz devido à crise sanitária, a grande saturação do gênero por parte do público.
Na contemporaneidade, os orçamentos das produções cinematográficas tem cada vez mais aumentado, com esse grande volume de capital investido em atores populares, efeitos especiais e computação, e marketing. Porém, esses recursos são inseridos gradualmente menos nos cernes das obras: roteiros e histórias. Desta forma, os filmes progressivamente são feitos baseados em fórmulas, tornando-os vazios, sem significado ou mensagem para transmitir. A sétima arte não deve ser elitizada, dificultando a acessibilidade apenas com criações de difícil entendimento pelo “bem” do ofício, entretanto conduzi-la apenas a entretenimento limita seu potencial de comunicação artístico, cultural e social.
Em síntese, o cinema tem nas últimas décadas sido vítima de um mercado massificador, produzindo em larga escalas obras genéricas, saturando gêneros e, principalmente, desestimulando a ida das pessoas às salas. Deve-se assim buscar o equilíbrio, realçando a gama extraordinária de comunicação a sétima arte possui, tanto de entreter, quanto influenciar, com obras recentes como “Oppenheimer” e “Assassinos da Lua das Flores”, ambos lançamentos deste ano que são um alívio ao ofício. “[...] Tem que vir do nível popular. Tem que vir dos próprios cineastas. Vá lá e faça isso. Vá reinventar. Não reclame disso. Mas é verdade, porque temos que salvar o cinema.” - Encerrou Scorsese na mesma entrevista.
Com supervisão de Isabela Sardinha, jornalista do Meon Jovem.
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