Éter
I – O jovem
No plano etéreo se vê
Um jovem perdido que
Navega na imensidão
Do reino celestial,
Em busca de redenção,
Do conhecimento astral.
O jovem rema a canoa
Que tem um chacal na proa
Que procura achar o norte,
Não tem um anfitrião,
Parece que está sem sorte,
Remou até doer sua mão.
II – O velho
De cansaço ele deitou,
Maré cósmica o levou
Até um velho que é alado.
O jovem faz a pergunta:
– Como que sei ao certo o lado?
E o velho às asas se junta.
O idoso não disse nada,
Viu a abóboda estrelada
E te falou sem falar:
– Não há norte ou sul, nem leste,
Não há direções no mar,
Nem cima ou baixo celeste.
Logo o jovem agradece
O velho que ele conhece.
Embarcou na sua canoa
E suas mãos estão curadas,
Ele apoia os pés na proa,
Corta as cordas amarradas
Ele deixa novamente
O mar levar loucamente.
Éter está acima e abaixo
Esse mar não literal,
Nem o aceso fogo baixo.
Tudo espaço sideral
III – Vênus
O jovem avista um brilho
Belo e também andarilho.
Seu nome é Vênus, o belo
Planeta que luz reflete
Linda cor de caramelo
Com as estrelas compete.
– Ó bonita estrela D'alva
Do escuro meus olhos salva
Como brilhas desse jeito?-
Diz o jovem maravilhado
– Tu tens o saber perfeito?-
Admira atordoado.
– O que faz aqui humano?
Como está nesse oceano?
Não tenho nenhum saber
Tampouco meu brilho emito
Reflito o que eu receber-
Diz Vênus com fraco grito.
IV – Lua
Viaja na direção
Da luz sem coloração
Seu nome é Lua a que muda
Puxa as águas e engrandece
Fase por fase permuta
E sua gravidade exerce
– Ó bela e volátil Lua
Com toda beleza sua
Como tens tamanha força?
E como tu tens tanta luz?
Sem que seu saber distorça?-
Diz o jovem que seduz.
– O que faz aqui humano?
Como está nesse oceano?
Não emito minha luz
Não tenho a sabedoria
E não sou eu quem conduz
A maré da calmaria.-
V – Sol
Brilha uma luz amarela
E o jovem vai até ela
Seu nome é Sol, que dá vida
Ele emite seu calor
Que perto, de forma ardida
E de longe perde o ardor.
– Ó grande e brilhoso Sol
Que brilha como um farol
Como tanta luz você tem?
Como tens tamanho grande
E a inteligência mantém?
E ainda o tamanho expande.
Ó grande e brilhoso Sol
Que brilha como um farol
Com sua luz um tanto ardida
Com seu calor que lateja
Mas também regula a vida
E não deixa que te veja-
– O que faz aqui humano?
Como está nesse oceano?
Minha luz é muito fraca
Comparado a outro astro
E não tenho muita massa-
Diz o Sol com um engasgo
VI – Rigel
O jovem vê a luz azul
Que parece vir do sul
Estrela chama Rigel
Brilha dentro do guerreiro
A mais bonita do céu
Deixa bobo o aventureiro
– Grande e brilhante Rigel
Não precisa ser cruel
Diga-me o que você sabe…
Tu tens lindo brilho claro
E se esse brilho acabasse
Para quem eu me declaro?-
– O que faz aqui humano?
Como está nesse oceano?
Meu brilho é forte mas não
Tenho algum conhecimento
Não quero declaração
Não quero perder meu tempo
VII – Canis
O jovem sai muito triste
Segue uma estrela que emite
Uma luz avermelhada
De um brilho meio fraco
De Canis ela é chamada
Ela tem o olhar opaco.
– Ó vermelha estrela fria
Mostre sua sabedoria
Grande mas tem pouca luz
Fria, parece sem vida
Mas tem o saber que induz
Que possui coisa escondida.-
– O que faz aqui humano?
Como está nesse oceano?
Sou uma estrela esfarrapada
Sou grande porém antiga
Já fui quente e azulada
Mas vem o tempo e castiga-
VIII – Sagitário
Decepcionado o viajante
Que triste segue adiante
Vê um astro de escuridão
Buraco negro girando
Sagitário é aberração
Que tem luzes orbitando
– Ó minúsculo astro escuro
Tu sabes de algo obscuro?
É tão pequeno e sem luz
Tu estás perdido aqui?
Pelo que sua forma induz
Você não vai ressurgir.-
– Ora caríssimo humano
Não achará no oceano.
O que tu tanto procura
Felizmente não existe
E caso cogite fuga
Só aceita, só desiste.-
Jovem tenta uma remada
Mas sempre se aproximava
Buraco negro o puxava
E no desespero humano
Jovem contorce e chorava
Era seu fim no oceano.
IX – Homem da vela
Após ser todo engolido
O jovem está perdido
Na escuridão sem ver luz
E aproxima um homem torto
Com uma vela e de capuz
E uma aura no entorno
O de capuz joga a vela
E a alma do jovem congela
Apesar de estar em chamas
Ele grita de agonia
E depois de todos dramas
Ele achou o que queria
Ele viu todo o saber
E conseguiu entender
Para ter sabedoria
Algo tem que se perder
E nunca se ganharia
Sem algo para ceder
X – Fim e começo
Depois do fim flamejante
Recomeça o viajante
Sem forma de ser humano
Mas sim da forma de astro
Que flutua no oceano
Deixando de luz um rastro.
Boleto
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