Alunos

O que muda na vida do brasileiro o fato de não ter festa junina?

Saiba como a ausência da festa impacta na vida das pessoas

Marcela (Arquivo pessoal)

Escrito por Marcela Antunes

24 JUN 2021 - 13H58

Foto: Reprodução

Que o mês de junho é o famoso mês da festa de São João isso todo mundo já sabe. Mas não diferente de junho do ano passado, esse ano as festas juninas ao estilo como conhecemos também não aconteceram. Nesse momento o que salvou os comerciantes foi a criatividade!

Além do uso da modalidade drive-thru e drive-in, os empreendedores criaram novas possibilidades para trazer o arraiá para dentro de casa, produzindo desde “festas na caixa”, que atingem itens de decoração juninos, até deliveries de comidas típicas e kits de jogos característicos da festa.

É claro que os festivais com as barracas de comidas típicas, música caipira, quadrilhas repletas de figurinos trabalhados no xadrez e bingos recheados de brindes deixam saudades...e muitas! Mas quais são os outros impactos que não ter a tradicional festa junina deixam?

Segundo o artigo da Scielo Brasil, baseado em uma perspectiva exposta por Luciana Chianca, as festas juninas representariam “um ressurgimento festivo do interior nas cidades, uma vez que as populações destas seriam compostas por imigrantes das zonas rurais ou por seus descendentes”. É por meio desse contraste apoiado sobre os olhares históricos e culturais que se dá a chamada “cultura popular”, elemento essencial para a construção da identidade de um povo, através da ocupação de seu imaginário.

Ainda de acordo com a visão de Luciana Chianca, para verificar as características dos quadrilheiros, podemos tomar por base a cidade de Sobral no norte cearense, que foi afetada pela pandemia de Covid-19. Nesse contexto, o público em questão é formado por pessoas jovens que transitam dentro da cidade para participação de ensaios e treinamentos, ocorridos em espaços geralmente localizados em bairros periféricos da cidade. Além disso, essas pessoas se consideram pretas ou pardas, majoritariamente. Isso significa que as mesmas vivenciam um cenário subalternizado no panorama social, de modo que fazer parte dessas festividades influencia diretamente no seu processo de reconhecimento pessoal.

Ainda segundo o artigo mencionado, esses quadrilheiros “encontram nesse espaço não apenas um refúgio, mas a possibilidade de expressão subjetiva e corporal com maior liberdade”, em vista de que essa liberdade é inibida em ambientes coletivos como o trabalho, a escola ou mesmo, a família. Dessa forma, para esse grupo o isolamento social devido à pandemia de Covid-19 não representa tão somente a interrupção de atividades cotidianas, mas também um aperto cheio de opressões causados pela suspensão dos espaços de sociabilidade, “configurados pelo universo da festa junina”.

Também deve ser levado em consideração, que o imaginário coletivo proporcionado por essas pessoas para todo o público que as assiste anualmente é degradado, visto que existe uma interrupção no processo de formação das alegorias resguardadas pela festa de São João.

A lacuna nas realizações festivas nos leva a pensar que a pandemia impactou nossa sociedade de jeitos plurais, não limitantes somente aos horizontes sanitários e econômicos, mas também abrangendo os aspectos culturais e sociais. O intervalo que compõe esse momento moldará sociabilidades, criação coletiva e o modo de fazer-se brasileiro. A capacidade de resiliência encontrada dentro dos ambientes juninos vem justamente de quem os criam. E para esses, se reinventar também terá de ser parte do processo.

Foto: Reprodução/UOL
Foto: Reprodução/UOL


Com supervisão de Giovana Colela, jornalista do Grupo Meon. 

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Marcela (Arquivo pessoal)
Marcela Antunes

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