Quebra-cabeças sem fim

A vida, muitas vezes, é um quebra-cabeças de memórias — a minha peça chave se baseia na minha infância quando a minha vó mostrava infinitos álbuns de fotos para as visitas que apareciam em casa. Aquele momento sempre impressionava a minha natureza tímida e a minha memória de peixinho.

A fotografia caseira — aquela que entre risadas sai tremida e embaçada — um hábito que naturalmente eu adquiri. No meu primeiro ano do Ensino Médio, foram mais de 400 fotos, mais de 400 momentos que estão guardados em colagens cafonas no meu caderno.

Minhas expectativas estavam cada vez maiores para as fotos que representariam o meu segundo ano e, por pouco tempo, elas estavam sendo parcialmente alcançadas, até que acontece aquilo que todos sabemos. Cada dia parecia o mesmo, não precisava mais olhar o relógio constantemente para me localizar, pois não havia um tempo típico, não contava os segundos para abraçar meus amigos, nem mesmo os minutos para descansar com biscoitos e conversas.

A incerteza tornou-se rotina e eu continuei com a minha vida. O dia em que eu quis me aventurar pela minha galeria de fotos chegou. Cinquenta. Setenta. Duzentas. Trezentas e oitenta e cinco. Sorrisos em chamadas, abraços virtuais, caretas no Zoom. Havia tanto material para colagens cheias de purpurina e eu notei, naquele instante, que não somente felicidade e momentos valem ser mostrados para a família distante. Um quebra-cabeça não tem todas as peças com o mesmo tamanho, as diferenças tornam a união possível.

Parceria:

Com supervisão de Milena Peres, jornalista da Zan Comunicação, parceira do Grupo Meon.