Aline Bei é uma escritora brasileira contemporânea cuja importância ultrapassa os limites literários. Em sua obra “O Peso do Pássaro Morto”, livro vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2018, a autora apresenta um romance escrito em 1ª pessoa que reflete, a cada página que passa, sobre todo o processo de amadurecimento de uma mulher nos dias atuais. A autora destaca, principalmente, questões ligadas à importância do diálogo nos vínculos afetivos. No entanto, não se preocupe, caro leitor, essa resenha está isenta de spoilers!
Nesse romance, acompanhamos a história de uma personagem singular, sem nome, dos seus 8 aos 52 anos, com a presença de saltos temporários, isto é, cada capítulo é representado por uma idade e por uma fase relevante de sua vida. O interessante é que o processo de crescimento dessa mulher retratada não ocorre a partir de conquistas, e, sim, de perdas que ela sofre ao longo dos anos e como ela se recompõe (ou não) diante delas.
Antes de dar minhas impressões e sentimentos sobre a história em si, é necessário falar sobre o estilo de escrita da autora. Como dito anteriormente, esse livro é um romance, porém, apesar de ser escrito em versos, ele não se configura como um gênero da poesia, uma vez que a estrutura é bem distinta. Ouso a dizer que a opção da escrita por versos traz uma ritmicidade e fluidez na história, dando a impressão de que estamos voando lentamente pela trajetória de vida da personagem, igual a um pássaro. Entretanto, ao mesmo tempo que existe essa liberdade na escrita de Aline Bei, ao longo da leitura nós nos sentimos engolidas pela história de uma maneira angustiante, pois a cada perda na vida da personagem, acrescenta-se mais uma bagagem que ela terá de carregar por sua vida e que, estranhamente, faz com que o sintamos pessoalmente.
Além desses detalhes, para mim, a presença do silêncio foi muito marcante para a própria construção da personagem. Ao contrário do que se parece, o silêncio tem muito a dizer, algumas vezes carrega uma intensidade enorme de sentimento, nos quais palavras não seriam o suficiente para se explicar. Subestimamos o poder do silêncio. Ele pode acalmar, machucar, ajudar, pode corresponder também a uma reflexão; porém, ele pode ser a solidão, o vazio, a tristeza, ou até a desistência do Ser. Posto isso, nota-se que a ausência da voz, quando feita com intuito de calar nossas emoções, gera a internalização da angústia, na qual provoca uma sensação de estarmos em um labirinto sem fim.
Outro aspecto interessante é que a personagem principal conta toda a sua história e, mesmo assim, não revela o seu nome. O nome de uma pessoa é algo que torna qualquer indivíduo como único e singular na sociedade, que pertence somente a nós e que carregamos pela vida toda. Talvez, o motivo dela não ter nome seja simplesmente porque ela carrega tantas angústias e culpa que não existe mais espaço para sua própria individualização. Ou, talvez, ela simplesmente não queria ser percebida por ninguém, apenas viver sem estar, de fato, viva.
Na minha opinião, o livro é excepcional, sinto que o modo como Aline Bei lida com questões sociais é tocante e maduro e, ao mesmo tempo, infantil e mágico. Ao ler as primeiras páginas, você já se sente imerso no mundo da personagem e percebe como ela enxerga os outros ao seu redor e como ela se percebe no mundo. Além disso, traz muitas questões relacionadas à nossa própria existência, como: o que, de fato, é a vida? O que nos torna vivos? Ou, até, qual é o peso que a vida carrega?
Meu primeiro contato com o livro foi feito a partir de uma professora muito querida. Ao recebê-lo, notei que estava escrito uma pequena cartinha, na qual uma frase me chamou muita atenção: “No fim, é a busca pela felicidade que nos mantém vivos!”. A felicidade é uma jornada de contínua realização e não um ponto de chegada. E, querendo ou não, nós merecemos ser felizes!
Com supervisão de Giovana Colela, jornalista do Meon Jovem.
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