O mercado de câmbio passou a segunda-feira, 6, pressionado pelo cenário externo, marcado por queda das moedas de emergentes após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar tarifas adicionais em US$ 200 bilhões de produtos chineses. No mercado doméstico, a expectativa agora é pelo início dos trabalhos da comissão especial da Câmara, que vai avaliar a reforma da Previdência, previsto para esta terça-feira (7). O dólar à vista fechou em alta de 0,48%, a R$ 3,9580.
O mercado local ficou mais estressado pela manhã, quando o dólar bateu em R$ 3,97. Na parte da tarde, a moeda americana desacelerou o ritmo de queda, e foi negociada na casa dos R$ 3,95, em meio a notícias de que uma delegação de Pequim vai aos EUA para uma nova rodada de negociações. Operadores ressaltam que importadores e investidores estrangeiros aumentaram as compras de dólar. Os principais vendedores foram exportadores, atraídos para o mercado quando a moeda bateu nas máximas.
O diretor e gestor em Nova York da BK Asset Management, Boris Schlossberg, destaca que os mercados de moeda tiveram reação imediata às ameaças de Trump e as divisas emergentes asiáticas já começaram os negócios desta segunda-feira enfraquecidas, seguidas pelas outras ao redor do mundo à medida que outros mercados foram abrindo. Ainda não está claro, ressalta ele, se Trump vai mesmo elevar as tarifas ou se o anúncio é apenas uma tática de negociação para pressionar os chineses. Por isso, os mercados podem oscilar agora dependendo das declarações de Pequim.
Além de provocar uma inesperada escalada na tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo, os estrategistas do ABN Amro, Bill Diviney e Arjen van Dijkhuizen, destacam que caso Trump aumente mesmo as tarifas, pode haver impacto inflacionário dos Estados Unidos, com consequente efeito futuro nas decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Outro efeito pode ser piorar as projeções de crescimento da economia mundial, o que explica o nervosismo dos mercados nesta segunda-feira.
O estrategista da TAG Investimentos, Dan Kawa, destaca que, pelo fato de o Brasil não ter conseguido se diferenciar de outros emergentes, avançando de forma concreta com as reformas, os ativos locais ficam a "mercê do humor global a risco". E nesta segunda, os ativos internacionais de risco tiveram um dia de forte pressão, ressalta ele.
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