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Juiz rejeita recurso e mantém censura pedida por Russomanno a pesquisa Datafolha

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O juiz eleitoral Marco Antonio Martin Vargas rejeitou nesta quarta-feira (12) recurso e manteve censura a publicação de pesquisa do Datafolha, feita pela Folha em parceria com a TV Globo, sobre a corrida eleitoral de São Paulo.

Um dia antes, o juiz havia acatado pedido da coligação do candidato Celso Russomanno (Republicanos), que disputa a eleição paulistana com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O Datafolha agora irá recorrer ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo.

Segundo a decisão liminar do juiz, "ao que parece a pesquisa eleitoral ora impugnada está em desacordo com a legislação e a jurisprudência eleitoral".

O juiz indicou aspectos que não estariam em conformidade com a lei, como a ausência de ponderação dos entrevistados quanto ao nível econômico, irregular fusão de estratos quanto ao grau de instrução dos entrevistados e simulação tendenciosa de segundo turno diante da ausência de simulações sem a presença do candidato à reeleição Bruno Covas.

Segundo Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha, o instituto utiliza como referência nas eleições de 2020 as mesmas variáveis de planejamento amostral e ponderação dos dados que há mais de 35 anos ditam o monitoramento dos pleitos da cidade de São Paulo, com o objetivo de representar todos os estratos do eleitorado paulistano.

"Causa espanto e é preocupante um pedido de impugnação da divulgação justamente agora quando o candidato que solicita a censura apresenta queda nas intenções de voto. É um ataque ao direito do eleitor de se informar, uma ação antidemocrática", afirma Janoni.

Em nota, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) lamentou o que classificou como "censura judicial".

"A pesquisa se utiliza dos mesmos parâmetros há mais de 35 anos aplicados nas eleições em São Paulo, mas mesmo assim a Justiça Eleitoral considerou que ela pode estar em desacordo com a legislação. A ANJ protesta contra a decisão e espera que ela seja rapidamente revogada, pois o acesso às informações contidas na pesquisa é um direito de todos os cidadãos, sobretudo dos eleitores paulistanos. Pesquisas eleitorais são elementos fundamentais na vida democrática e cerceá-las é afronta à própria democracia."

A presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Maria José Braga, afirma que "a decisão judicial atenta contra a liberdade de imprensa e que, em período eleitoral, é preciso mais do que nunca garantir o direito do cidadão e da cidadã à informação".

Com apoio eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, Russomanno pediu a suspensão da pesquisa no momento em que sua queda nas intenções de voto se acelera.

Ele teve novo recuo no Datafolha mais recente e registrou 16%, em empate técnico no segundo lugar com Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB); em pesquisa Ibope divulgada nesta segunda (9), a tendência se repete.

Ao mesmo tempo em que derrete nas pesquisas de intenção de voto, Russomanno vê a sua rejeição disparar. A rejeição a ele começou no fim de setembro em 21%, subindo nos levantamentos seguintes para 29% (5 e 6 de outubro) e 38% (20 e 21 de outubro). Agora, no início de novembro, atingiu 47%.

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