SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A retomada não veio. Com o agravamento da pandemia de Covid-19 e suas consequências na indústria e no setor de serviços, as vendas de veículos registraram nova queda em fevereiro, e não há perspectivas de que março seja melhor.
De acordo com dados prévios com base no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), foram emplacadas 167,4 mil unidades no último mês, dado que inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.
Na comparação com fevereiro de 2020, houve queda de 16,7% nas vendas. Em relação a janeiro, a retração é de 2,2%.
O acumulado do ano também é frustrante. A comercialização de veículos no primeiro bimestre está 14,2% abaixo do registrado em igual período do ano passado. Não se esperava um crescimento vultoso -não havia restrições no início de 2020-, mas havia a esperança de que, ao menos, o resultado fosse repetido.
Os fatores que levaram à queda são conhecidos e potencializados no Brasil. Há uma falta global de insumos para produção de veículos, consequência das paralisações causadas pela pandemia, que foram seguidas por uma explosão dos pedidos por parte de diferentes segmentos da indústria.
Nesse momento, o setor automotivo compete com fabricantes de videogames para a compra de chips e com a construção civil para adquirir aço.
A situação é agravada no Brasil, que sofre também com o apagão logístico. O transporte aéreo, por exemplo, está comprometido pela redução dos voos internacionais, falta porão para transportar componentes.
A necessidade de paralisar atividades para frear a disseminação das mutações do novo coronavírus são uma preocupação a mais para a indústria, que já prevê mais uma queda em março -mês que, em um passado não muito distante, era visto como o momento da virada. Esperava-se um salto de vendas, que não virá seja por falta de produtos, seja por falta de clientes.
Sem carros novos para pronta entrega e com os preços em disparada, muitos consumidores migraram para o setor de usados. De acordo com dados divulgados nesta segunda (1º) pela Fenauto (entidade que reúne revendedores de carros), as negociações de modelos de segunda mão tiveram um crescimento de 2,3% em fevereiro na comparação com janeiro. Em relação a fevereiro de 2019, a alta é de 15,9%.
Em meio aos problemas, as montadoras mantêm o cronograma de lançamentos. A Toyota prepara a chegada de um novo utilitário esportivo e faz o possível para não interromper as linhas de montagem em Sorocaba e em Porto Feliz, cidades do interior de São Paulo.
A montadora teve dificuldades para montar os pacotes de equipamentos do modelo, devido às restrições no fornecimento de itens eletrônicos. Foi preciso lidar também com o aumento dos preços de componentes.
"As commodities aumentaram muito e têm influenciado, é a pressão de custos", diz Vladimir Centurião, diretor de vendas da Toyota. O executivo afirma que a empresa tem feito movimentos para reduzir os gastos, e um exemplo disso é a mudança da sede para Sorocaba. Antes, as atividades administrativas estavam concentradas na antiga fábrica de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).
"Podemos cometer alguns erros, mas sem isso não iremos sobreviver. Conversamos muito com fornecedores e tudo o que traz ineficiência é discutido, está sendo uma batalha a cada dia", diz Centurião.
A Renault, que passa por um processo de reestruturação global, aposta na melhora do cenário no curto prazo e anuncia a renovação de seus produtos no Brasil. A montadora anunciou nesta segunda o investimento de R$ 1,1 bilhão até 2022 em seu complexo fabril, instalado em São José dos Pinhais (PR).
A empresa foi uma das mais afetadas pela pandemia. Suas vendas caíram 45% em 2020 na comparação com 2019 e agora é preciso recuperar espaço.
Seu próximo lançamento será um utilitário esportivo com motor 1.3 turbo flex, conjunto mecânico que, a princípio, será importado.
O calendário divulgado pela marca de origem francesa prevê a renovação de cinco veículos que estão à venda no mercado nacional.
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