“Ao chegar na Basílica, quase sem força, fui tomado por alegria e gratidão”

Há anos tentava fazer a romaria a pé até Aparecida, mas nunca dava certo, seja por causa do trabalho ou questões pessoais. Enfim consegui! E hoje entendo que foi na hora certa.

Samuel Strazzer

Foram 110 mil passos, em 21 horas e 30 minutos de caminhada. E em cada um dos passos a bengala do meu avô me amparou. Faz quase um mês que ele faleceu, e não tenho dúvidas, era a melhor pessoa do mundo.

Até o meio do caminho eu estava me sentindo bem, mas depois de Taubaté as dores começaram. Pegamos sereno em alguns trechos e, por volta das 4h da manhã, começou a chover. Caminhei na chuva de chinelo por cerca de uma hora, o suficiente para fazer uma bolha no pé direito.

Quando seu corpo todo dói e, a cada passo a dor aumenta, a única coisa que continua te movendo é a fé. Foi isso que descobri nessa romaria, descobri que ainda tenho fé. O tempo passou, muita coisa mudou, minha rotina mudou, alguns costumes mudaram, amadureci muito, mas não perdi minha fé.

A caminhada foi um reencontro com Deus. Ao chegar na Basílica, por volta das 8h, quase sem força, fui tomado por um sentimento de alegria e gratidão. "Cheguei, mãezinha. Trouxe meus pecados e defeitos, trouxe as intenções dos amigos que pediram oração e, principalmente, trouxe gratidão. Gratidão pela família que tenho, gratidão pelos amigos que fiz, gratidão por cuidar de mim". Os anos podem passar, as coisas podem mudar, mas algo é imutável em mim: sou um cara de Deus.

Muito obrigado ao meu amigo Paulinho que mais uma vez me guiou pelo caminho de Deus, dessa vez literalmente. Deus lhe pague meu irmão.

Samuel Strazzer

Nota da Redação: O jornalista do Meon Samuel Strazzer iniciou sua jornada no sábado, dia 9 de outubro, e percorreu a pé os 83,8 km que separam São José dos Campos e a Basílica de Aparecida, chegando no Santuário na manhã do domingo, 10 de outubro.