Pessoas com deficiências visual e física de São José dos Campos vêm reclamando nas redes sociais sobre a falta de acessibilidade das linhas de ônibus da cidade. Elevadores que não funcionam, motoristas que não param nos pontos, cobradores que desrespeitam e falta de treinamento dos profissionais. Estes são alguns dos problemas enfrentados por essas pessoas dia após dia.
O jornalista, produtor de conteúdo sobre acessibilidade e usuário de cadeira de rodas, Luis Daniel, de 36 anos, e sua noiva Jéssica Helen, de 29 anos, deficiente visual aposentada enfrentam esses e outros problemas no transporte público de São José. Eles contam que a dificuldade de andar de ônibus para um cadeirante e uma deficiente visual já começa quando colocam a roda e bengala para fora de casa. “As calçadas são sempre mal feitas ou mal conservadas, o que prejudica muito a chegada até o ponto de ônibus”, relatam.
Além da dificuldade de locomoção pela rua, o embarque dos deficientes físicos é na maioria das vezes muito difícil e nem acontece na parada do primeiro ônibus.
“Geralmente, a plataforma está quebrada e seu defeito é descoberto na hora. Também ocorre de não funcionar no desembarque, trazendo constrangimento ao ver e ouvir a posição desagradável dos demais passageiros que, sem informações, julgam culpado o passageiro com deficiência”, explica o casal.
O sentimento causado pela falta de acessibilidade do transporte público causa em Luis e Jéssica muito incômodo, sensação de descaso e frustração. Ter que denunciar e discutir essas irregularidades, que não deveriam fazer parte do dia-a-dia dessas pessoas, depois de tantas lutas, causa indignação no casal.
A vida do jornalista, da aposentada e de milhares de pessoas com deficiência física na cidade é afetada de uma maneira que impede que exerçam o direito básico de ir e vir. “Precisamos dedicar um tempo extra em nossas atividades para tentar evitar esses imprevistos, assim, algumas vezes, ocasionando danos irreparáveis em nosso cotidiano”, desabafam.
Para o casal, os principais pontos que o transporte público de São José dos Campos deveria melhorar têm relação com a estrutura e a manutenção dos pontos; conservação dos equipamentos de acessibilidade dos veículos; formação e qualificação dos profissionais.
Os elevadores dos ônibus são o principal problema enfrentado pelos cadeirantes, pois muitas vezes nem se movem, emperram, quebram ou nunca funcionam, até que acabam bloqueados aos cadeirantes, como no caso da foto da linha 206, no bairro Santa Inês, postada nas redes sociais.
A assistente social e também usuária de cadeira de rodas Aretuza Diniz, de 40 anos, relata que devido, a situações passadas, como o elevador do ônibus emperrar enquanto ela descia ou subia no transporte, adquiriu trauma de utilizar o transporte público. Atualmente, ela procura andar apenas nos ônibus que têm rampa e piso baixo. “Mas isso é estressante, pois não são todas as linhas que têm essa acessibilidade”, contou.
Para Aretuza, o sentimento da falta de acessibilidade é de frustração e impotência, somado à incerteza de saber se chegará ao destino desejado.
“Ter um ônibus com elevador não significa que já estamos contemplados com a acessibilidade, precisamos de segurança, manutenção e treinamento para quem irá operar os elevadores, como calçadas nos pontos de ônibus com acesso para receber essa rampa”, exemplificou.
Questionada pelo Portal Meon, a Secretaria de Mobilidade Urbana de São José dos Campos, não se posicionou sobre os problemas no transporte público até o fechamento desta matéria.
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