Para quem é deficiente visual, andar pelas ruas de São José dos Campos ainda é um desafio. Apesar de existirem 152 botoeiras sonoras nos semáforos para pedestres, apenas algumas delas avisam por meio de um apito quando começa o tempo de travessia. As demais apenas dizem: "aguarde mais um momento".
A telefonista Dalva Rodrigues de Faria, 44 anos, que é paciente do Centro de Reabilitação do Hospital Próvisão, já nasceu cega. Diariamente, a joseense enfrenta com paciência extra as ruas da cidade devido a falta de acessibilidade. "Esse semáforo sonoro não ajuda em nada. A gente fica aguardando mais um momento, mas na hora que o sinal abre, não avisa, não fala nada. Nem precisava mandar esperar, o que ele realmente devia fazer era avisar a hora que podemos ir com segurança e isso o semáforo não faz", destaca.
Dalva trabalha no Centro, próximo da avenida João Guilhermino, uma das mais movimentadas da cidade. Ela conta todos os dias com a ajuda de outras pessoas para conseguir atravessar as ruas, como a da aposentada Maria Neuza Siqueira de Paula, 66 anos. Ao ver Dalva chegar, Maria lhe dá a mão, sorridente. "Sempre que vejo alguém precisando, eu colaboro. Ajudo na travessia cadeirantes, outros idosos e pessoas que não enxergam. Acho que se cada um fizer a sua parte e for mais gentil, o nosso mundo vai se tornar um lugar melhor", diz.
Acessibilidade
A pedido do Próvisão, em 2008 a prefeitura adaptou alguns pontos especiais da cidade com um apito contínuo que avisa quando o sinal fica verde para o pedestre e que fica mais rápido conforme o tempo vai terminando. Mas, segundo a entidade, o número ainda é insuficiente e não garante a acessibilidade.
"O semáforo sonoro é um recurso de acessibilidade fundamental para conferir independência à pessoa com deficiência visual. Apesar de incentivarmos a conscientização da comunidade, é importante a garantia de independência em todas as travessias, inclusive em locais vazios onde não há pedestres para ajudar. De nada adianta reabilitar, preparar a pessoa com deficiência, se a sociedade não estiver apta para a acolher", afirma Carla Paes, gerente técnica do Centro de Reabilitação do Próvisão.
Outro lado
Questionado durante a Semana Municipal de Trânsito de 2014 sobre o problema enfrentado pelos deficientes visuais para se locomover, o secretário de Transportes Luiz Marcelo Silva Santos afirmou que não conhecia o problema."Não sabia que os semáforos sonoros não avisavam a hora da travessia, vamos verificar", disse.
A pasta informou ainda que São José conta com 152 botoeiras sonoras e outras 369 comuns, sem som, que estão espalhadas em todas as regiões. A implantação desses equipamentos acompanha as demandas e pedidos realizados. De acordo com a secretaria, a instalação é um processo dinâmico e gradativo.
A prefeitura ressalta que a acessibilidade é um processo permanente e dinâmico que faz parte do dia a dia das ações na cidade. Hoje, São José conta, de acordo com a pasta, com 100% da frota do transporte coletivo adaptada para pessoas com deficiência, botoeiras com informações em braille, botoeiras sonoras, piso tátil em travessias elevadas e rampas de acessibilidade, emissão de credenciais para o transporte coletivo e individual, além de transporte por van adaptada para pessoas com mobilidade reduzida severa.
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