Por Moisés Rosa Em RMVale

Depois da abolição, escravatura na RMVale foi 'maquiada' por barões

Partida para a colheita de café com carro de boi no Vale do Paraíba em 1885

Partida para a colheita de café com carro de boi em 1885, no Vale do Paraíba

Marc Ferrez – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles

Em 13 de maio de 1888 o Brasil decretava a libertação dos escravos com a assinatura da lei áurea pela princesa Isabel. Neste período, a RMVale tinha 122 fazendas de café em 28 cidades, segundo o livro “Vale do Paraíba: velhas fazendas” do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, com desenhos de Tom Maia, de Guaratinguetá.

Mesmo com a assinatura da abolição da escravatura, os fazendeiros da região insistiam em "camuflar" a escravidão em 1889, com ações de tutela de mulheres pobres que ofereciam seus filhos aos barões para melhores oportunidades no estudo.

"Muitas escravas foram tutelar seus filhos e entregavam aos fazendeiros, que camuflaram a legislação para o trabalho escravo na região. Elas doavam os filhos achando que iam oferecer Educação", avalia a professora e doutora em história social da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), Maria Aparecida Papali.

A historiada conta que no final do século 19, a RMVale foi uma das regiões que mais demorou para implantar a abolição dos escravos. O Vale do Paraíba também teve marcante atuação no período, com a comercialização dos escravos e a produção de café nas fazendas.

“Nossa região teve o fazendeiro mais rico do Brasil, o comendador Valim, que era dono das fazendas Resgate e Bela Vista em Bananal, que contava com 600 escravos. Ele também foi responsável por emprestar dinheiro ao Império, e se enriquecendo com a agiotagem e a escolha dos casais, chamados de dotes", explica Maria Aparecida.

Na RMVale, a exceção foi Redenção da Serra, a segunda cidade brasileira a libertar seus escravos, em 10 de fevereiro de 1888, dois meses antes da assinatura da lei. A primeira foi Redenção, no Ceará, em 1º de janeiro de 1883 -cinco anos antes.

Censo
A doutora em história relata que a região teve grande fluxo de escravos. Um cadastro de 1872 no Império aponta que Bananal, a mais rica cidade na época, contava com 13 mil escravos, Taubaté com outros dez mil e São José dos Campos com 1.500 escravos.

"Na época da escravidão, Bananal, Areias e São José do Barreiro eram as cidades mais ricas da região, e tinham a maior parcela de escravos", ressalta a historiadora Maria Aparecida Papali.

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