Anna Beatriz Fedato
Marcelo Caltabiano/Meon
A garota sonha em percorrer o mundo para salvar animais em risco de caça e ameaçados de extinção. Em cada país, um bicho da terra. Animais nativos que podem ser salvos da sanha dos humanos em acabar com eles, muitas vezes apenas por prazer.
Esse é o enredo do livro que a escritora-mirim Anna Beatriz Fedato de Asevedo, 13 anos, está escrevendo. Trata-se da quarta obra de Bia Fedato, como ficou conhecida em São José dos Campos depois que “A casa misteriosa” foi publicada em 2012, pela JAC Editora, quando ela tinha apenas 10 anos.
Na época, o lançamento do livro na livraria Maxsigma, no Vale Sul Shopping, bateu o recorde de público em um mesmo dia para escritores regionais.
Ligando passado e futuro, a estudante percorre trilha aberta por gente como Cassiano Ricardo (1895-1974), jornalista, ensaísta e poeta joseense que alcançou o mais alto panteão das letras brasileiras, reconhecido em todo o país e membro das academias de letras Paulista e Brasileira.
É claro que nem mesmo Bia tem certeza de que irá se tornar uma escritora profissional, mas é um desejo que ela mantém, ao lado de ser veterinária e viajar pelo mundo. É isso o que ela responde à tradicional pergunta: “O que quer ser quando crescer”.
São ainda sonhos de adolescente, como explica a mãe, a engenheira civil Edilaine Fedato, 46 anos, mas que merecem atenção da família. Bia é criativa desde pequena e a literatura surgiu para ela como meio de extravasar suas ideias. Dar vida às histórias que levava na cabeça. Tanta criação já rendeu três livros, dois deles “publicados” apenas entre familiares e amigos.
Futebol
Tudo começou no início do processo de aprendizagem, quando Bia incorporou a escrita em seu dia a dia. Com a ajuda da professora Denyse Lopes, a estudante passou a escrever cada vez mais e a transformar a imaginação em letras.
“A professora me disse: ‘Escreve para ver até onde vai sua imaginação’. E eu fui escrevendo”, disse a escritora na época do lançamento do livro “A casa misteriosa”.
Em tempos de domínio do computador, Bia ainda escreve à mão, na melhor tradição de Cassiano Ricardo, o que reforça a conexão entre os dois autores de São José. Ela também incorpora em suas criações situações e pessoas que estão em volta dela, como familiares e amigos, o que a torna uma espécie de cronista infantil do cotidiano.
O primeiro livro surgiu em 2010, quando ela tinha apenas 8 anos. “O futebol” revelou pela primeira vez quanto intensa é a criatividade da estudante. Ela colocou o irmão Bruno na obra. Na ficção, ele estava chateado por ninguém ter se lembrado do seu aniversário. Ao ir a um estádio de futebol, porém, é surpreendido com a torcida cantando parabéns.
“Ela inventou essa história por que o irmão gosta muito de futebol. Mostrou criatividade com as coisas do dia a dia”, afirma a mãe, incentivadora das habilidades literárias da filha. “Escrever faz muito bem à ela”.
A segunda obra, também restrita à família, contava as aventuras de três amigas que vão ao shopping para comprar sapatos e são sequestradas.
Envolvida com os estudos, cada vez mais exigentes, Bia não sabe quando terminará o quarto livro, que já tem até título: “A Viagem de Tatiana”. Como a personagem, ela também começa a sua própria viagem pelo mundo das letras. E não está sozinha. Vai acompanhada de Cassiano, que, como ela, amava a literatura.
Céu elétrico
Alexandre Zaramella quer fazer a diferença no mercado de aviões
Marcelo Caltabiano/Meon
Em terra de avião, quem voa é a imaginação. Foi o que fez o engenheiro mecânico e piloto Alexandre Zaramella, 41 anos, um dos sócios da ACS Aviation, empresa instalada no Jardim Santa Luzia, região sudeste de São José.
Na melhor tradição de Ozires Silva, coronel da Aeronáutica e também engenheiro, que foi um dos fundadores da Embraer, fabricante de aeronaves que presidiu por 17 anos, Zaramella busca a inovação e fazer a diferença no ultracompetitivo mercado de aviões.
E ele já deu o primeiro passo rumo ao futuro: após uma década de pesquisas, Zaramella e quatro engenheiros levaram aos céus o primeiro avião elétrico tripulado do país. O voo da aeronave Sora-e ocorreu em 18 de maio deste ano, em São José, por cerca de 10 minutos para testes do equipamento.
“Foi uma das etapas dos testes que vínhamos fazendo há tempos, com ensaio em solo e nas nossas bancadas. Foi um momento histórico para nós”, conta Zaramella sobre o primeiro voo da aeronave.
Veloz
O monomotor para duas pessoas projetado pela empresa tem oito metros de comprimento e pesa 650 quilos. É feito de fibra de carbono e pode alcançar uma velocidade de cruzeiro de 190 km/h, com um máximo de 340km/h, velocidade significativa para uma aeronave com as suas características. O preço sugerido é R$ 280 mil.
O pioneirismo dos cinco engenheiros da ACS foi adaptar para um avião convencional um sistema de propulsão elétrico, alimentado apenas por baterias que podem ser recarregadas em uma tomada. Eles usaram como base o ultraleve avançado movido a combustão, chamado de Sora, primeira aeronave a ser desenvolvida pela equipe joseense, em 2006.
O engenheiro e os sócios se dedicam agora a aumentar a potência e a autonomia de voo, que é de cerca de uma hora e meia, por causa da limitação das baterias.
A meta é dobrar a força do motor elétrico de 70 kW para 140 kW, alcançando até 180 cavalos de força, mais do que o dobro de um carro popular 1.0, por exemplo.
O primeiro modelo do Sora-e foi vendido para a empresa Itaipu Binacional, que patrocinou parte do projeto − a aeronave também contou com recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) do governo federal. O investimento total foi de R$ 750 mil.
Ozires
Zaramella é comedido ao responder se almeja chegar às alturas que Ozires Silva alcançou com a aviação. “Seria uma honra ser comparado ao Ozires Silva, mas conseguir realizar os mesmos feitos é algo quase inacreditável”, diz ele, que tem no fundador da Embraer uma fonte de inspiração e em São José o lugar propício para fazer a diferença.
Nesse aspecto, ambos se unem na paixão pela inovação, pelo estudo e por fazer sempre diferente. “Minha intenção é continuar aqui, uma região rica em oportunidades no campo aeronáutico e tecnológico”, afirma o engenheiro, que nasceu em Belo Horizonte (MG) e chegou a São José em 1998 para trabalhar na Embraer.
“Demorou um tempo para me apaixonar pela cidade, mas, hoje, não me vejo morando longe daqui. A cidade oferece serviços similares aos dos grandes centros com o aconchego do interior”, explica Zaramella.
Ele se ocupa de levar o nome da cidade que consagrou Ozires Silva ao promissor mercado mundial de aviões elétricos tripulados, que deve crescer muito nos próximos anos.
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