Em entrevista exclusiva ao Portal Meon na manhã desta quinta-feira (26), o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, conversou com a nossa reportagem sobre diversos assuntos relacionados ao coronavírus. Entre eles, os novos casos suspeitos no município, chegada de novos equipamentos, estrutura de saúde, campanha de vacinação contra Influenza, Hospital Regional, entre outros.
Confira:
MEON – Prefeito, hoje a cidade tem 16 casos suspeitos de coronavírus, dois casos descartados, dois casos positivos e uma morte em investigação. Há novidades?
Felipe Augusto – Sim, temos dois casos de internação suspeita. Pacientes com síndromes respiratórias agudas se tornam casos suspeitos também quando são internados. Importante salientar que toda oficialização de caso é feita via exames laboratoriais, que são encaminhados ao Instituto Adolfo Lutz. Da parte da prefeitura, há uma preocupação com a informação verdadeira e com a transparência. São mais de mil casos gripais. Estamos mapeando toda essa situação, levando a verdade e a transparência para a população. Ela (população) precisa se sentir confortável nessa situação de pandemia mundial.
MEON - Qual é o estado de saúde dos casos suspeitos no município?
Felipe Augusto – A Vigilância da Saúde acompanha a evolução clínica de todos os pacientes. Todos os pacientes estão bem. Estamos atentos a qualquer tipo de variação na nossa cidade ou a região.
MEON - O Hospital de Clínicas de São Sebastião (HCSS) recebeu, na quarta-feira (25), cinco novos respiradores. Há a possibilidade de chegar mais aparelhos?
Felipe Augusto – Sim, apesar de dificuldade de encontrar esses respiradores no mercado. Temos a expectativa de enfrentar essa pandemia com 54 leitos UTI na região central e outros 30 leitos de alta complexidade na costa sul, estruturado no Pronto Atendimento de Boiçucanga. O Hospital de Clínicas de São Sebastião (HCSS) e o PA de Boiçucanga estão sendo readequados. Se tudo der certo, entregaremos o Hospital de Boiçucanga. As obras estão em ritmo acelerado. Assim, teremos uma retaguarda e conseguiremos aumentar esses números na costa sul. Porém, importante salientar, que não está fácil encontrar esses equipamentos no mercado. O Governo Federal baixou uma regra que a prioridade de compra é dele. Vamos dizer que a gente fica disputando essa sobra de equipamentos que o mercado disponibiliza. Temos hoje 25 leitos UTI de alta complexidade no Hospital de São Sebastião.
MEON – Além da aquisição de equipamentos, quais são as outras medidas adotadas pela prefeitura?
As ações começaram com a desinfecção dos pontos de ônibus, aplicando uma solução de hipoclorito. As equipes que trabalham nessa ação estão todas equipadas com Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Todos os ônibus estão sendo desinfectados ao final de cada linha. Agora, todas as unidades e prédios de saúde também recebem essa solução de hipoclorito, além das ruas ao entorno de hospitais e unidades básicas de saúde. A prefeitura está trabalhando muito forte nessa questão da higienização.
MEON – O Hospital Regional será aberto no dia 30 com 10 leitos de UTI. Qual é a importância disso para a cidade?
Toda ajuda é bem-vinda. Estamos falando de um hospital com boas capacidades de instalação de leitos e alta e baixa complexidade. São 10 leitos UTI, ou seja, 10 vidas que serão salvas. É óbvio que pelos números que acompanhamos em todo o mundo, não será o suficiente para resolver essa pandemia no pico dela, no topo dos acontecimentos. Estamos vendo o esforço do Governo do Estado. Todos os prefeitos da região estão em contato com o secretário Estadual de Saúde, José Henrique Germann, e com o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi. Estamos recebendo apoio e também podendo reivindicar. Toda força nesse momento de guerra é muito bem-vinda.
MEON - Há uma preocupação com relação a entrada e saída do município, tanto na região sul, quanto na divisa com Caraguatatuba?
Existe uma preocupação para instalação de barreiras sanitárias, tanto na divisa com Caraguatatuba, quanto na divisa com Bertioga, na costa sul. Logisticamente a cidade de São Sebastião está entre dois municípios que recebem os fluxos das estradas (Tamoios, Rio-Santos e Mogi-Bertioga). Conversei com os prefeitos dessas duas cidades. Eles sim fazem um trabalho mais contundente nesse sentido, para instalação de barreiras sanitárias. Mas na quarta-feira (25) recebemos a informação de que a Justiça derrubou a liminar que autorizava essas barreiras sanitárias. Nossa cidade tem 120 quilômetros. Temos um perímetro urbano muito restrito. A atuação das forças municipais de segurança nessas áreas é completamente irregular. Então, ficamos sujeitos a decisões judiciais que tiram o poder da prefeitura. Fica, portanto, o apelo para que as autoridades repensem essas barreiras sanitárias, além também de uma situação de bloqueio desse vírus que esta assolando todo o mundo.
MEON – O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro tem repercutido em todo o mundo. Como a prefeitura de São Sebastião e o prefeito Felipe Augusto encaram essas declarações? A cidade deve seguir as recomendações do presidente?
Em hipótese alguma. O presidente concede orientações que vão completamente contra ao que determina a Organização Mundial da Saúde, que é a maior autoridade de saúde do mundo. Mais de 150 países adotaram o isolamento social como forma de contenção desse vírus. O presidente tem razão na questão econômica. Existe sim uma preocupação enorme. Agora, cabe a ele (presidente) adotar medidas rápidas para salvar a economia do Brasil e permitir às pessoas o acesso ao alimento, energia e água, por exemplo. Isso não é uma “gripezinha”, pelo contrário. É um vírus que provoca uma síndrome respiratória muito grave, leva as pessoas aos hospitais, demanda as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), e com isso provoca o caos, um colapso no sistema de saúde. Estamos vendo isso nos países de primeiro mundo. Vai começar acontecer agora nos países de terceiro mundo, que é o nosso caso. Com todo o respeito, mas o presidente Jair Bolsonaro (fiz campanha para ele) está completamente equivocado na questão da luta, do enfrentamento ao coronavírus. Concordo com ele (presidente) na questão econômica, mas no enfrentamento nós não vamos seguir as orientações dele.
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