Monitoramento já é feito pelo Inpe desde 1988
Arquivo/Meon
A abertura de licitação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para contratar uma empresa com a finalidade de monitorar a Amazônia foi recebida com surpresa por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Atualmente, esses serviços de monitoramento por satélite e geoprocessamento já são prestados pelo Inpe na observação de queimadas e do desmatamento na Amazônia.
De acordo com o SindCT (Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial), a medida reflete uma tendência atual.
“Isso tudo só fortalece uma tendência de transferir a responsabilidade do estado para a iniciativa privada”, reforça o diretor de comunicação do SindCT, Gino Genaro, que também se diz preocupado com essa atitude do governo.
“A preocupação é o quão estratégico essa informação acaba se tornando, diante de tais índices serem importantes, mediante aos acordos internacionais e metas que vão sendo estabelecidas ao Brasil”, explica Genaro.
O diretor de comunicação do Sindicato, Gino Genaro, também teme pela diminuição no número de concursos públicos.
“À medida que você vai perdendo atribuições, não faz mais sentido ter novas contratações. Isso é preocupante”, analisa o diretor.
O edital da licitação foi publicado em 20 de abril, no dia seguinte à exoneração da então diretora do Departamento de Florestas e de Combate ao Desmatamento da pasta, Thelma Krug, que foi uma das criadoras do Prodes, o sistema de monitoramento do Inpe que calcula as taxas anuais de desmatamento do Brasil desde 1988. O pregão será realizado nesta quinta-feira (4) às 10h.
Servidor do INPE desde 1974, o geólogo Paulo Roberto Martini possui vasta experiência em sensoriamento remoto e afirmou que todos os servidores foram pegos de surpresa com a notícia.
“Não quero entrar na discussão sobre as ações do governo, mas o que fico preocupado é que agora talvez haja a necessidade de reconstruir descontruindo o que já foi feito e não sei se é uma época adequada para isso, diante da instabilidade do governo”, explica Martini.
"O que posso considerar um mea-culpa é a falta de aprimoramento no desenvolvimento dos processos que nós usamos. Passamos a ser mais burocratas do que pesquisadores", desabafa Martini. A medida preocupa o experiente geólogo, mas ele reforça que “toda a experiência agregada está viva e presente. Tal patrimônio não se perde”.
O Ministério do Meio Ambiente, através de nota enviada a imprensa, garantiu que os dados produzidos pelo Inpe, em especial o Prodes, serão empregados normalmente nas políticas públicas ambientais.
A nota também esclarece que irá continuar em execução o programa de monitoramento dos biomas brasileiros realizado pelo Inpe e reconhece todas as contribuições do Instituto.
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