Asilo foi fechado pela PM na última terça-feira (15)
Divulgação
O Ministério Público de Jacareí vai realizar mais uma visita ao asilo clandestino que foi fechado na última terça-feira (15) na cidade. O estabelecimento funcionava no bairro Vista Verde e mantinha 25 idosos, deficientes mentais e dependentes químicos trancados em uma casa de três quartos.
De acordo com o promotor de Justiça da Cidadania, José Luiz Berdnarski, a visita faz parte de uma investigação que envolve tráfico de pessoas, formação de quadrilha e cárcere privado. Berdnarski acredita que o casal seria responsável por um esquema ilegal que manteria pacientes sob sua tutela com o consentimento dos familiares.
"Além das claras condições de descaso, o que deu para perceber no local é que as pessoas que lá estavam aparentemente não apresentavam necessidade de internação. Mesmo os pacientes com deficiência mental, alimentavam-se sozinhos, eram autônomos e não tinham condição motora debilitada. O mesmo vale para os idosos", explica.
O MP já abriu inquérito para apurar o caso e a principal hipótese do promotor é de que a quadrilha esteja infiltrada em hospitais públicos. Segundo Berdnarski, o casal entrava em contato com as famílias, oferecendo os serviços de abrigo mesmo sem a necessidade de internação.
A suspeita ganha corpo com o depoimento de vizinhos, que afirmam ter visto ambulâncias pararem em frente à casa. Segundo os depoimentos, pessoas não identificadas deixavam os pacientes no estabelecimento e saíam. A falta de visitas dos familiares é outro fator que levanta questionamentos.
"Acredito que o serviço oferecido por esta suposta quadrilha seja de abrigar no estabelecimento parentes com os quais os familiares não queiram conviver mais. O motivo seria a indisponibilidade de oferecer cuidados e também de pagar pelos tratamentos. O que acho muito suspeito é o fato de supostos enfermeiros carregarem as pessoas pelos pés e pelos ombros, como se fossem sacos de batatas, como me confidenciou um vizinho", diz.
Itinerância
Para o promotor, a suposta quadrilha migra para diferentes locais conforme a necessidade. Testemunhos dos próprios internos afirmariam que o casal atuou durante cerca de dois anos na região de Campinas, onde mantinha uma 'fortaleza' da qual os internos não conseguiam sair.
"Eles afirmam que era um local muito bem protegido, onde quem passava à frente não tinha nenhuma noção do que acontecia lá dentro. Relatos de maus tratos, agressões e ameaças também foram transmitidos pelos residentes. Entretanto, nada foi relatado ao delegado que cuida do caso, já que eles se sentem ameaçados pelo casal que administra o local", afirma.
O MP pediu à Secretaria de Saúde que realizasse um teste clínico para comprovar possíveis agressões contra os internos. Entretanto, como nada ainda foi provado, a pasta preferiu não adotar a medida, que considerou invasiva.
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.