Por Meon Em RMVale

Pacientes que fazem hemodiálise reclamam de mudança de horário e falta de transportes em S. Sebastião

A.V.L., 26 anos, mora no São Francisco, região central de São Sebastião. Ela precisa fazer hemodiálise pelo menos três vezes por semana. Essa rotina ocorre há pelo menos seis meses quando descobriu que estava com deficiência nos rins. Até recentemente ela fazia o tratamento das 6h às 10h30. Agora não pode mais, foi orientada a ir para a ClínicaIned, localizada na Vila Amélia, das 10 às 16h. O motivo? A falta de transporte para a sua remoção, principalmente após o procedimento.

O aposentado Alceu Antunes, 55 anos, residente na Enseada, na Costa Norte da cidade. Há um ano e meio enfrenta a mesma rotina, com a agravante de ter apenas um rim –o outro ele retirou depois de uma crise de cálculo renal onde passou por cirurgia para retirada de pedras de até 7cm e esqueceram um cateter dentro. Perdeu o órgão e o outro não aguentou a sobrecarga. Agora faz a hemodiálise enquanto aguarda na fila de transplantes.

Esses são dois casos de pacientes que são dependentes de transporte municipal para fazer o tratamento na clínica que fica no Centro, e perderam o direito ao veículo no primeiro horário do tratamento. A queixa é mudaram os horários de atendimento e estão sem carro para se locomover.

A. diz que a van que antes a pegava em casa agora não vai mais e precisa arrumar um jeito de ir por conta própria. “A Assistência Social da Prefeitura nos informou que não tinha obrigação de nos levar, até que iam provar por lei que não precisavam fazer esse serviço”, lamentou a jovem. Para ela, o tormento maior é quando termina a hemodiálise e na maioria das vezes sai passando mal da clínica.

Quem também denuncia esse problema é Douglas Oliveira, 29 anos, morador na cidade, que está inconformado com a atual situação. “Os pacientes que precisam fazer hemodiálise precisam ir àclínica divididos em turnos (manhã, tarde e noite) de segunda a sábado. Porém, a prefeitura teria informado que devido a cortes de horas extras dos motoristas para diminuir gastos precisava reduzir os turnos e dias da semana. Nas segundas, quartas e sextas não têm mais carros para buscar pacientes”, reclama.

Já o aposentado Alceu alega que precisou dar ‘lugar’ a outro paciente, por isso seu horário foi trocado. “Mas se vou se carro, o mal estar é muito ruim após o procedimento”.

Essas denúncias chegaram à Câmara e recentemente o vereador Jair Pires (PSDB) fez um requerimento onde pede esclarecimentos sobre a situação. “Recebi um abaixo-assinado de usuários relatando as dificuldades e gostaria de um posicionamento da prefeitura sobre o que tem ocorrido. Esses pacientes têm deficiência de mobilidade após as sessões e é um absurdo precisarem voltar para suas casas de ônibus”.

Outro problema apontado é que os pacientes precisam ir a São Paulo pelo menos uma vez a cada três meses para renovarem as inscrições da fila do transplante. “Temos relatos de pessoas que perderam a vez por falta de transporte”.

Esse fato é reforçado por Oliveira. “Muitas das vezes eles dizem que não têm carro para ir a São Paulo. Tem gente que já nem está mais na lista de transplantes. E ainda é pior. Eles dizem que não têm obrigação de trazer os pacientes de volta. Dão o dinheiro e mandam voltar de ônibus e metrô. Muitos não vão porque têm medo de voltar sozinhos ou desmaiar na volta. Quando saímos de uma sessão, muitas vezes, a pressão cai, passamos mal. Estamos debilitados. Tem gente que precisa de cadeira de rodas. Como voltar sozinho?”, questiona.

Ele ainda ressalta que o carro usado para levar pacientes para a hemodiálise, em São Sebastião, e para a coleta de sangue, em São Paulo, é inapropriado. “Geralmente é uma Kombi caindo aos pedaços. É desumano. Às vezes, também é uma van em péssimas condições que não dá para levar um cadeirante, por exemplo. Ainda que vai só um motorista, não tem uma enfermeira para um caso de emergência”, explica.

Outro ponto abordado por ele é que pacientes de outros municípios que estão internados no Setor de Oncologia do Hospital de Cínicas de São Sebastião, que se propõe em ser referência na região para tratamentos destes casos, podem ser levados pelo município para a clínica que faz hemodiálise. “Eles dizem que a pessoa tem que entrar em contato com a cidade dela para que um carro venha de lá para ser levada quarteirões acima”.

Acordo
Em defesa da prefeitura, o vereador Marcos Fuly (PP), destacou que a mudança teria ocorrido após acordo com a clínica sob a alegação que a demanda do primeiro turno seria pequena, por isso encaixaria os pacientes em outros horários. “O carro fica à disposição e a atenção dever ser levada em conta quando há necessidade de remarcar o exame”.

Já o vereador Luiz Antonio Santana Barroso, o Coringa (DEM), líder do prefeito Ernane Primazzi na Câmara, disse que iria até a clínica saber o que de fato ocorria e também conversar com s pacientes.

Em nota, a assessoria de imprensa da prefeitura informa que de acordo com a Secretaria de Saúde, há carros disponibilizados para o transporte dos pacientes da hemodiálise, diariamente. Contudo, ficou constatado que nas segundas, quartas e sextas-feiras não havia demanda para o primeiro turno, e por este motivo foi realizado um acordo com a clínica para mudança de horário de dois pacientes para o segundo turno.

Quanto aos deslocamentos de pacientes para São Paulo, todas as solicitações são atendidas e é disponibilizado o transporte adequado e de acordo com a situação de saúde do paciente: gol, van ou ambulância.

“Importante destacar que o município não trabalha com auxílio financeiro em espécie, mas sim, com o fornecimento de passagens quando solicitadas pelo usuário”, finaliza a nota.

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