Por João Pedro Teles Em RMVale

Profissionais comentam expectativas sobre Lei de Zoneamento em São José

20140410_urbanistas_rodrigo

Arquiteto Ricardo Veiga e engenheiro Carlos Vilhena falam sobre zoneamento

Rodrigo Roveri/ Divulgação

As 20 audiências públicas promovidas pela prefeitura de São José dos Campos para ouvir a população sobre a nova Lei de Zoneamento da cidade terminaram no dia 17 de março. Entretanto, as discussões sobre a nova legislação estão longe de acabar. Urbanistas, arquitetos, engenheiros e outros profissionais da área divergem sobre o tema. Tópicos como verticalização, liberação de corredores comerciais ou descaracterização dos bairros ainda fomentam opiniões diferentes.

Para elucidar diferentes pontos de vista, o Meon entrevistou separadamente dois profissionais diretamente envolvidos no processo: o engenheiro Carlos Vilhena, atual presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de São José dos Campos, e o arquiteto e urbanista, Ricardo Veiga, profissional com experiência e passagem pelo poder público.

Confira abaixo o que cada um deles pensa sobre diferentes tópicos relacionados ao zoneamento do município.

Audiências públicas
Carlos Vilhena: Acho positivo o debate e a construção de uma legislação moderna, que atenda aos anseios da população e respeite questões de qualidade de vida e sustentabilidade. As audiências são importantes para ouvir o que as pessoas têm a dizer.

Ricardo Veiga: De fato é uma questão que ainda não havia sido discutida. Em alguns debates houve grande participação dos moradores. É um avanço, mas para que os eventos tenham validade, é preciso que o projeto elaborado leve em consideração os anseios da população. Inclusive é importante que haja uma pressão popular para que essa vontade se faça valer.

Verticalização
Carlos Vilhena: A lei vigente, de 2010, tem alguns equívocos de conceituação e abordagem. A definição do número máximo de pavimentos, em detrimento da definição de densidades, é um dos principais. É importante tratarmos a cidade constituída de forma diferente do município a construir. Algumas medidas poderiam incentivar a criação de empreendimentos inteligentes, como incentivo às construções com pavimento térreo livre e aberto, como parte do espaço público para empreendimentos e construções sustentáveis.

Ricardo Veiga: Na verdade não sou totalmente contra a verticalização, quando realizada em bairros planejados para essa função. O que acontece é que os representantes da indústria da construção civil trabalham com grandes margens de lucro e colocam seus objetivos à frente do interesse da urbanização planejada. Aos poucos, eles vão criando situações para privilegiar seus ganhos. Por isso, temo muito pela pressão do setor na hora desse novo projeto ser aprovado na Câmara.

Descaracterização dos bairros
Carlos Vilhena: Os bairros antigos têm uma série de limitações e possibilidades que não podem ser menosprezadas, mas também têm potencialidades que devem ser consideradas. É preciso estudar possibilidades e não descartar mudanças que sejam benéficas para o crescimento do local.

Ricardo Veiga: É preciso debruçar-se sobre a realidade de cada rua dentro dos bairros cujo problema é mais sério, como a Vila Ema e o Esplanada, por exemplo. Há realidades diferentes dentro da mesma localidade, que devem ser consideradas. Podemos realizar operações urbanas de forma inteligente, sem que as características particulares sejam desrespeitadas.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por João Pedro Teles, em RMVale

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.