Por Elaine Rodrigues Em RMVale

São José 247 anos: a história do Centro da cidade contada por seus filhos, ruas e arquitetura

No final da década de 20, São José dos Campos vivia uma grande transformação em suas características populacionais e econômicas. No Centro, aos poucos, se instalam comércios, prédios públicos e espaços coletivos que mudaram a paisagem ainda de vila para um corpo de cidade grande e moderna para a época. Basta andar com calma nas ruas para ver em seus prédios um tanto de história e conversar um pouco com alguns comerciantes para entender como o tempo passou por ali.

Ainda no século 18, dois pontos que ainda existem no Centro já estavam em pé. A praça Cônego Lima foi inaugurada como o primeiro jardim público em 1898 e em 1881 era aberta a primeira e mais antiga edificação da região, a Igreja de São Benedito. Nessa época já dava para vir passear em São José com certa modernidade porque a estação de trem foi inaugurada em 1876 ali pertinho do Centro, na Vila Maria.

Quem precisava completar os estudos ficou feliz quando em 1910 inauguraram o primeiro grupo escolar da cidade, o Olímpio Catão. Segundo os registros históricos, o colégio foi instalado em um palacete comprado e reformado pelo Governo do Estado e ainda funciona no mesmo prédio até hoje.

Comércio
Das lojas mais antigas, da década de 20, duas se destacam porque ainda funcionam praticamente igual como quando abriram e se mantém com as mesmas famílias: a Casa de Ferragens São José, na rua Coronel José Monteiro, e a Casa Confiança, que vende acessórios esportivos na rua Siqueira Campos há 87 anos.

"Já estamos na terceira geração nesta família à frente da loja. Sempre trabalhamos com roupas e acessórios para dança e esporte. Mas tivemos épocas que também vendemos roupas, sapatos e tecidos. Vivemos todas as fases de desenvolvimento de São José. Daqui vimos a história", conta Aida Elhage, 75 anos, proprietária da Casa Confiança, fundada pela família vinda do Líbano no ínicio do século 19. 

Da esquina de frente à Igreja Matriz de São José, Aida viu o progresso chegar e a economia e política influenciarem as mudanças em São José. "De tudo que vimos e vivemos, foi nos governos de Sobral e do Emanuel que as coisas mudaram de verdade na cidade. Somos do tempo que as pessoas vinham aqui comprar na caderneta, e até hoje aqui não se vende com cartão. Andávamos nas ruas do Centro e conhecíamos todo mundo. Era seguro e tranquilo, bonito e grandioso. O Centro era um lugar moderno, bem diferente do que foi se tornando com o progresso", detalha.

Tradição
Em outro prédio histórico, o Mercado Municipal, datado de 1923, encontramos o bar do comerciante mais antigo de São José dos Campos, Arnaldo Stellet, 95 anos. Contudo, há mais de 40 anos quem administra o espaço é o filho, Ronaldo Moreira Stellet. O Bar dos Artistas tem 70 anos de existência e uma clientela fiel.

"O pessoal nos conhece pela corneta que tocamos quando vem alguém famoso aqui, ou ainda por causa da clientela fiel. O único problema na verdade é que, apesar de sermos tradicionais, estamos num lugar que está perdendo a tradição. Aqui não é shopping, é Mercado Municipal. As pessoas têm que melhorar a infraestrutura, mas não têm que instalar loja chique. Temos que zelar pelo mercado", conclui Stellet.

História
Em 1696, São José dos Campos era conhecida apenas por Residência de São José. Perto de onde hoje é a Igreja Matriz, historiadores relatam que viviam centenas de índios junto aos padres Jesuítas. Em 1767, a até então fazenda já tinha ganhado corpo e, no dia 27 de julho, se tornou oficialmente a Vila de São José do Paraíba. Contudo, a bela São José dos Campos só foi elevada à categoria de cidade em 1864 e ganhou este nome em 1871.

A região central se estende desde o centro histórico, de onde nasce a cidade, até os limites das demais regiões. De acordo com dados da Secretaria de Planejamento Urbano, a área é formada por 79 pequenos bairros, que abrigam mais de 72 mil pessoas. A renda média puxada pela região dos moradores da Vila Ema, Adyana e Esplana, é de R$ 6.274,05 e a atividade econômica é baseada no comércio, bastante diversificado, em profissionais liberais e de estabelecimentos de saúde, com hospitais públicos e particulares.

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