São Sebastião pode ter praia com recifes artificiais

Praia de Boiçucanga pode receber novas ondas com implantação de recifes

Arquivo/Meon

A instalação de recifes artificiais na praia de Boiçucanga com o objetivo de criar “ondas perfeitas” para a prática do surfe será o tema de uma reunião com moradores, pescadores, e surfistas da costa sul de São Sebastião nesta segunda-feira (7), a partir das 18h.

Segundo o presidente da ASB (Associação de Surfe de Boiçucanga), Fábio Oliveira, o grupo foi procurado pela empresa Aram (Arrecifes Artificiais Móveis), que apresentou o projeto.

“A associação está apenas intermediando essa reunião com a população. Queremos saber mais sobre o assunto. Achamos que a instalação pode criar oportunidades de trabalho, caso se realize. Porém, precisamos avaliar se vai beneficiar a todos”, disse.

O presidente da ASSS (Associação de Surf de São Sebastião), Frank Constancio, também disse que ainda não tem opinião a formada sobre o assunto. “Não sou contra, nem a favor. Ainda preciso conhecer melhor o projeto antes de defender ou não a medida. Somos a favor dessa discussão com a comunidade. Se todos acharem que o projeto pode ter relevância e trazer benefícios para toda a comunidade, aí sim vamos levantar essa bandeira”, disse.

A Associação de Surfe de Boiçucanga (ASB) pretende apresentar na próxima semana um projeto para uma “eventual” instalação de recifes artificiais na cidade. De acordo com a ASB, que conta com o apoio da Aram (Arrecifes Artificiais Móveis), a reunião vai expor o plano detalhado que garante ondas para a prática do surf no canto direito da praia.

Defensores dessa estrutura afirmam que o projeto beneficiará a prática de surf, com "ondas perfeitas”, além de ganho na qualidade de vida e benefícios ao turismo e ao comércio local.

O diretor da Aram, Mauricio Carvalho de Andrade, disse que a estrutura traz muitos benefícios, além das ondas ideais para o surfe. “A estrutura forma ondas incríveis, mas não é só isso. Também beneficia a balneabilidade, principalmente em praias de tombo, como é o caso de Boiçucanga, e beneficia o meio ambiente, já que traz um sistema acoplado que faz o monitoramento, permitindo o controle da erosão costeira”, disse.

Segundo ele, a empresa vai apresentar todos os detalhes do projeto aos moradores. “Tenho certeza que todos sairão convencidos de que o projeto será benéfico para todos”, disse.

O recife artificial consiste em uma placa de 80 metros de comprimento por 62 metros de largura. A função é dissipar a energia da onda. “Quando a onda chega até a plataforma ela ganha o formato de um tubo”, diz.

A Aram é uma empresa do Rio de Janeiro e integra a incubadora de empresas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Prudência

O professor doutor em ciências ambientais, Adilson Pelloggia, recomenda prudência na avaliação do projeto. Segundo ele, quando se invade o espaço da natureza ela sempre cobra o preço. “E preciso ter calma antes de tomar uma decisão dessa natureza. Afinal, qualquer interferência deve ser feita com muito cuidado. Não dá para descartar que isso não causará impactos ambientais”, disse.

Ele vê como positivo o fato de o projeto ser discutido com a população. Contudo, alerta para a necessidade de o projeto também ser analisado por órgãos ambientais competentes. “É preciso um estudo técnico muito sério sobre o assunto. Não dá pra considerar só a questão turística e financeira de um projeto como esse”, disse.