O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou a exoneração dos diretores de Pesquisas, Cláudio Dutra Crespo, e de Informática, José Santana Beviláqua. Notícias sobre a exoneração de Crespo já circulavam nos escritórios da unidade do órgão sediado na Avenida Chile, no centro do Rio, antes da confirmação, em nota divulgada nesta tarde de segunda-feira, 6. As exonerações ocorrem em meio aos debates internos em torno do corte no orçamento do Censo Demográfico de 2020.
Para substituir Crespo, a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, indicou um nome de fora dos quadros do órgão, o professor titular aposentado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Eduardo Rios-Neto. Segundo a nota divulgada pelo IBGE, Rios-Neto "presidiu a Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) entre 1998 e 2002; é membro titular da Academia Brasileira de Ciências; foi presidente da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (2004-2010) e vice-presidente do comitê organizador da Commission on Population and Development do Economic and Social Council da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2010".
No lugar de Beviláqua assume David Wu Tai, funcionário do IBGE há 40 anos, atualmente coordenador-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) do órgão. Economista, Wu Tai já foi "coordenador de Contas Consolidadas do Setor Público, coordenador do Censo no Estado de São Paulo, chefe de Divisão de Coleta e delegado da Unidade Estadual de São Paulo" e foi diretor-geral e coordenador operacional dos Censos, segundo a nota do IBGE. Marise Maria Ferreira, atualmente assessora no CDDI, substituirá Wu Tai à frente do centro do IBGE.
"A Presidente manifesta seu agradecimento e reconhecimento pelo empenho, qualidade técnica e compromisso institucional demonstrado pelos diretores Claudio Crespo e José Santana Beviláqua no período em que trabalharam juntos", diz a nota do IBGE, que não menciona as discussões em torno do corte no orçamento do Censo 2020.
A presidente do IBGE decidiu por cortar o orçamento do Censo 2020 em 25%, seguindo a determinação do Ministério da Economia. A polêmica em torno do orçamento da principal pesquisa do órgão, feito de dez em dez anos, começou ainda no governo Michel Temer, quando o Estadão/Broadcast revelou a decisão do então Ministério da Fazenda de cortar os recursos. Já no governo Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou um corte ainda maior do orçamento e sugeriu a redução do questionário do Censo.
Mês passado, a presidente do IBGE designou ao economista Ricardo Paes de Barros a tarefa de cortar o questionário. Paes de Barros, atualmente professor do Insper, integra a Comissão Consultiva do Censo Demográfico, instituída em maio do ano passado. No último dia 17, a Comissão Consultiva do Censo teve a primeira reunião para debater o corte orçamentário.
Segundo fontes ouvidas na ocasião pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a posição da Presidência do IBGE contrariou os técnicos do órgão e provocou discordância entre integrantes da comissão. Uma fonte ouvida nesta segunda-feira disse que a posição do diretor Crespo era de diálogo com a Presidência, mas alinhada à visão dos técnicos do IBGE.
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