Em plena Semana Nacional de Trânsito, quando são realizadas ações de conscientização dos motoristas, cinco acidentes graves deixaram saldo de 15 mortos, neste domingo, 22, em rodovias do Estado de São Paulo. Dez vítimas eram jovens. Na maioria dos casos, segundo a polícia, os acidentes eram evitáveis e pode ter havido imprudência dos motoristas. A sequência de mortes acontece no momento em que se discute o fim do controle de velocidade por radares no País.
Na manhã de domingo, na rodovia Castello Branco, em Santana de Parnaíba, um carro saiu da pista, passou sobre o canteiro central e atingiu três veículos que estavam na pista contrária, depois bateu no barranco. Três pessoas morreram - uma jovem de 18 anos, um rapaz de 20, e o condutor do veículo causador do acidente, de 27. Duas pessoas ficaram gravemente feridas. A suspeita de que o automóvel estivesse participando de um racha com outros dois veículos, como sugerem imagens de câmeras de monitoramento, é investigada pela Polícia Civil.
No fim da tarde, quatro jovens com idades entre 20 e 28 anos morreram, quando o carro em que retornavam da praia ficou descontrolado, atravessou o canteiro central e colidiu com um ônibus na rodovia Archimedes Lammoglia (SP-75), em Itu. Com o impacto, o carro capotou várias vezes. Uma quinta vítima, uma jovem de 20 anos, foi internada em estado grave. A Polícia Civil investiga se o carro estava em velocidade compatível - o limite na rodovia é de 110 km/h.
Na madrugada, um motorista de 28 anos atropelou quatro jovens que caminhavam pelo acostamento da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, após sair de uma festa, em Santa Cruz do Rio Pardo. O teste do bafômetro indicou que ele havia ingerido alcoólica. Três jovens com idades entre 15 e 20 anos morreram no local. O quarto rapaz foi levado em estado grave a Santa Casa da cidade. O motorista também se feriu e está internado com escolta - ele será preso após receber alta. Os corpos das vítimas foram arremessados a 30 m de distância, havendo suspeita também de excesso de velocidade.
Também na madrugada, três homens morreram em colisão entre um carro e uma caminhonete na rodovia Feliciano Salles Cunha, em Guzolândia. Conforme a Polícia Civil, o automóvel capotou e o veículo atingiu a caminhonete que seguia no sentido contrário. As três vítimas estavam no carro, mas o condutor da caminhonete foi preso, pois o veículo era furtado e ele estava embriagado. Na rodovia João Mellão, em Avaré, dois carros bateram de frente, causando a morte dos dois condutores. Outras duas pessoas ficaram feridas. Testemunhas disseram à polícia que o causador do acidente rodou três quilômetros na contramão.
A Semana Nacional de Trânsito, prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro, transcorre de 18 a 25 de setembro, e tem ações que mobilizam a sociedade para um trânsito mais seguro. O tema definido este ano, "No trânsito, o sentido é a Vida", está em painéis de mensagens variáveis das rodovias e orienta as atividades. Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2017, 35.374 pessoas morreram no trânsito brasileiro, número 6% menor que as 37.345 mortes registradas no ano anterior, mas ainda considerado alto.
Números do Infosiga SP, sistema de estatísticas de acidentes no trânsito do governo paulista, apontam aumento de 2,8% nas mortes em acidentes no Estado, em agosto deste ano, em comparação com o período anterior. Foram 478 casos este ano e 465 em agosto de 2018. No acumulado do ano, no entanto, houve redução de 1,6% no total de mortes - de 3.607 no ano passado, caiu para 3.549 neste ano.
Sem radar
No dia 18 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública a suspensão no uso de radares móveis e portáteis até que o Ministério da Infraestrutura "conclua a reavaliação da regulamentação dos procedimentos de fiscalização eletrônica de velocidade em vias públicas". Conforme a resolução, o objetivo seria evitar "a utilização meramente arrecadatória" dos medidores de velocidade. Anteriormente, os radares haviam sido desligados, mas voltaram a funcionar após decisão judicial.
De acordo com o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, no período em que Bolsonaro mandou suspender contratos e a maior parte dos radares foi desligada, houve aumento em acidentes com mortes em rodovias federais do País, conforme pesquisa em dados da Polícia Rodoviária Federal. No período de 1 de abril a 31 de julho, os acidentes mataram 1.805 pessoas, média de 451,2 por mês, enquanto no período anterior, de 1 de janeiro a 31 de março, foram 1.195 mortes, média de 398,3 por mês. Segundo ele, pela primeira vez desde 2011 os índices de mortes no trânsito aumentaram, em vez de caírem. O número de acidentes com vítimas e de feridos graves também aumentou.
O excesso de velocidade, segundo Rizzotto, é uma das principais causas de acidentes graves. "Quando se começa a falar em desligamento dos radares, a proibir a polícia de fiscalizar, cria-se na opinião pública a sensação de que tem liberdade para correr. É uma política para rodovias federais, mas é uma política pública. Justamente no período em que se falou nisso e se reduziu de fato a fiscalização, o número de acidentes e de mortes aumentou. A tendência é que isso se agrave. Esperamos que o presidente perceba o equívoco e volte atrás."
A Secretaria Estadual de Logística e Transportes informou ter realizado ou apoiado mais de mil atividades da Semana Nacional de Trânsito. As ações, que incluem práticas de incentivo à saúde e cultura, estão sendo desenvolvidas em 31 cidades do Estado e são voltadas para todos os usuários das rodovias. O governo estadual está instalando 220 equipamentos fixos nas estradas com OCR (reconhecimento ótico de caracteres) para aumentar a segurança pública e rodoviária. Os aparelhos, que leem as placas dos veículos e transmitem informações em tempo real, entram em operação até o mês de novembro.
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