O Índice Bovespa teve nesta quinta-feira, 11, sua terceira queda consecutiva, que resultou mais uma vez da falta de confiança no andamento da reforma da Previdência sem grandes percalços. Em terreno negativo desde a abertura, o Índice Bovespa terminou o dia aos 94.754,70 pontos, com perda de 1,25%. Em três sessões seguidas de baixa, o índice já perdeu 2,69%. Os negócios somaram R$ 11,3 bilhões.
Embora o governo siga indicando que busca melhorar sua articulação política, ao mesmo tempo em que anuncia medidas que movimentem o País em diversas esferas, investidores e analistas veem um cenário travado para o mercado de ações. Com novos ruídos em torno da reforma da Previdência e diante das sucessivas revisões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), não houve notícia capaz de incentivar a compra de ações.
Na mínima do dia, o Ibovespa chegou aos 94.173 pontos (-1,86%), registrada no início da tarde. Logo pela manhã, o mercado repercutiu as notícias de que os partidos do Centrão ameaçam obstruir a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para votação do relatório favorável à admissibilidade da proposta enviada pelo governo. Em seguida, declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) aumentaram a tensão, trazendo de volta às mesas as dúvidas quanto ao alinhamento entre Legislativo e Judiciário.
Em evento da XP Investimentos em Nova York, Rodrigo Maia deu algumas alfinetadas no governo. Disse que "atrapalhar o governo seria a coisa mais fácil do mundo", mas que a Câmara "tem muita responsabilidade". Inicialmente, o presidente da Câmara evitou falar em prazos para aprovação da reforma da Previdência, dizendo que aprovar "no fim de maio ou no início de junho, com mais 30 dias ou menos 30 dias, não faz diferença". Já o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), admitiu a possibilidade de que a reforma seja aprovada no início do segundo semestre pelo Senado.
"O mercado segue na crença de que a reforma será aprovada e a economia irá melhorar. Mas o volume fraco na Bolsa mostra que o cenário doméstico está travado, o que impede o investidor de projetar o crescimento das empresas e da economia do País", disse Ariovaldo Ferreira, gerente de renda variável da H. Commcor.
Para Carlos Thadeu Freitas, economista-chefe da Ativa Investimentos, as sucessivas quedas da bolsa mostram que o mercado faz ajustes nos preços das ações, depois de ter antecipado parte da tramitação da reforma da Previdência. "O Ibovespa tem espaço para subir, até mesmo no patamar dos 100 mil pontos. Mas é preciso muitas notícias novas para o investidor voltar a comprar. É preciso entregar mais coisas", afirma.
As quedas do Ibovespa foram praticamente generalizadas entre as blue chips, que também sofreram influência do cenário internacional. Com os preços do petróleo em queda, os papéis da Petrobras fecharam com perdas de 1,30% (ON) e de 2,71% (PN). Entre os bancos, os destaques do dia foram Itaú Unibanco (-2,32%) e B3 ON (-2,24%).
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