Os juros futuros ampliaram a alta e renovaram as máximas na reta final da sessão regular desta quarta-feira, 24, em meio à aceleração dos ganhos do dólar no exterior, não somente ante moedas de economias emergentes mas também ante principais, com a divisa, aqui, perto dos R$ 4. As taxas longas foram as que mais subiram, em torno de 10 pontos-base, refletindo não somente o cenário externo pesado ao longo do dia, mas também a piora do risco político. O mercado se dá conta que, se na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a instância considerada "mais fácil", o governo teve muita dificuldade para aprovar a admissibilidade da reforma da Previdência, as próximas fases da tramitação, a começar pela comissão especial, serão ainda mais complicadas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 6,460%, de 6,425% na terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 subiu de 6,961% para 7,04%. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 8,22%, na máxima, de 8,122% na terça no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 avançou de 8,652% para 8,76% (máxima). Na etapa estendida, as taxas subiram mais, com novas máximas.
A vitória do governo na CCJ da Câmara já havia sido antecipada pelo mercado na terça-feira e nesta quarta o mercado realizou "no fato", com a ajuda de uma série de fatores negativos. Na terça, as principais taxas haviam encerrado no patamar mais baixo em cerca de um mês, o que colaborou para a recomposição de prêmios.
A economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Helena Veronese, observa que o governo, embora tenha conseguido aprovar o parecer do relator Marcelo Freitas (PSL-MG) por larga margem de votos (48 a 18), teve bastante dificuldade em negociar na CCJ, uma instância onde a tramitação, a princípio, seria a "mais fácil", tendo que ceder em alguns pontos. "O mercado realizou, vendo que o que vem pela frente é muito mais difícil. Agora está olhando para a comissão especial, que é onde a proposta vai ser desidratada, com um longo período de 40 sessões", avaliou.
No exterior, o dólar teve alta bastante acentuada diante das moedas emergentes como o real, um dos destaques negativos, juntamente com o peso da Argentina. Além da forte deterioração dos fundamentos econômicos do país vizinho, pesquisas eleitorais apontando a ex-presidente Cristina Kirchner na liderança das intenções de voto na eleição presidencial de outubro também ajudaram a ampliar a aversão ao risco, com reflexos nos ativos no Brasil. Nas máximas, o dólar aqui chegou bem perto dos R$ 4 para fechar em R$ 3,9864. Um gestor lembra que a depreciação do câmbio "significa condições financeiras mais apertadas, o que é contracionista para a atividade", num contexto já pessimista para a economia. O saldo muito ruim do Caged ampliou as preocupações em torno de um PIB negativo no primeiro trimestre. Houve corte de 43.196 vagas em março, surpreendendo o mercado que, na previsão mais pessimista, esperava geração de 44 mil postos, segundo a pesquisa do Projeções Broadcast.
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