O número de ingressantes em cursos de graduação presencial no País em 2018 foi o menor dos últimos sete anos, mostra o Censo de Educação Superior. No ano passado, o Brasil tinha 2,07 milhões de calouros ingressando em cursos do ensino superior - o menor número desde 2011, quando foi registrado 1,91 milhão.
Desde 2014, o ensino presencial vem perdendo ingressantes e os cursos na modalidade a distância, aumentando.
No ano passado, de cada dez ingressantes no ensino superior, quatro foram para o Ensino a Distância (EAD). Nos últimos sete anos, a modalidade cresceu mais de três vezes - passando de 431,5 mil calouros, em 2011, para 1,37 milhão no ano passado.
A expansão no EAD se deve sobretudo à rede privada. No ano passado, dos 2,86 milhões de ingressantes na rede particular, 45,7% haviam sido matriculados para essa modalidade de ensino.
No caso da rede pública, o ensino a distância preenche uma fatia de 10,8% do universo de matriculados. São 62,6 mil de um total de 580 mil pessoas. Com isso, o número de ingressantes na rede privada de ensino a distância é 2,2 vezes maior do que todos os alunos que ingressam nos cursos de educação superior da rede pública.
Feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, (Inep), o Censo também deixa clara a concentração do mercado de ensino a distância. Embora o número de ingressantes seja muito expressivo, apenas 244 instituições privadas de ensino superior ofertam essa modalidade de ensino. Das 20 maiores instituições de educação superior que oferecem esse tipo de ensino, 19 são privadas.
No universo das particulares, Pedagogia concentra o maior porcentual de matrículas de cursos a distância, 23,4%. Em seguida, vem Administração e Contabilidade, com respectivamente 11,4% e 7%. Na rede federal, os cursos a distância de Pedagogia também são maioria. Eles respondem por 12,9% das matrículas. Em seguida, vem Matemática, com 11,9%.
Questionado se o grande número de matrículas no curso de graduação de pedagogia de ensino a distância não aumentaria o risco de professores serem formados sem nunca ter dado uma aula em sala, o presidente do Inep, Alexandre Ribeiro Lopes se amparou nas regras existentes. De acordo com ele, a abertura de cursos cumpre o que é determinado por lei.
O estudo mostra ainda a expansão do mercado privado no ensino superior. No ano passado, a cada 4 alunos matriculados nos cursos de graduação, apenas 1 estava numa instituição pública. No período 2017-2018, a rede pública cresceu 1,6%, enquanto a privada, 2,1%. Isso ocorre em todo o País. Em alguns casos, a diferença é muito marcante.
Em São Paulo, por exemplo, são 4,6 alunos na rede pública para cada aluno na rede privada, quando se consideram os cursos presenciais. Em seguida vem o Distrito Federal, com a razão de 3,4 alunos da rede privada para cada aluno matriculado na rede pública. Em todo o País, apenas Roraima apresenta mais matrículas na rede pública do que a privada.
A expansão das matrículas na rede privada vem atrelada ao aumento dos financiamentos. Em 2009, 23% dos alunos matriculados tinham alguma forma de benefício para auxiliar no pagamento das mensalidades. Ano passado, esse porcentual era de 46,8%.
O Censo revela ainda o um aumento expressivo de bolsas financiadas pelas próprias instituições de ensino ou por outras instituições, em relação a outras formas de financiamento. Essa tendência ganhou força a partir de 2015. Ao mesmo tempo, houve uma queda de financiamento pelo Fies a partir de 2013 e do Prouni, a partir do ano passado.
Taxa de abandono
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou a atenção para as altas taxa de abandono dos cursos de ensino superior. Antes de os dados serem apresentados, o ministro observou que as taxas de desistência superam os 50% no País.
"A conclusão é óbvia. Se a gente reduzisse significativamente essa deficiência, a gente conseguiria dobrar o ensino superior", afirmou o ministro.
Instituições privadas são as campeãs de desistência. Dados do Censo mostram que 59,9% dos alunos desistiram do curso. Em seguida, vêm alunos das universidades federais (com 47,6% de desistência) e das estaduais (com 41,9%).
Na comparação modalidade de ensino, cursos a distância apresentam porcentuais mais altos de desistência. De acordo com o censo, 62% dos alunos desistem. Nos cursos presenciais, o porcentual é um pouco menor, 55,6%.
Em sua fala antes de os dados do censo serem apresentados, Weintraub falou sobre investimentos. "Antes de se investir mais, tem de olhar para eficiência."
Os números gerais de desistência crescem ao longo dos anos. Em 2010, 10,6% deixavam o curso. Há também atrasos. De acordo com o Censo, 33% dos alunos matriculados concluem o curso no tempo que seria inicialmente programado para o curso.
Esse desempenho é um pouco superior do que apresentado por Portugal (29%), Holanda (28%) e Áustria (26%), mas muito inferior, por exemplo, ao que é apresentados no Reino Unido, onde a taxa de conclusão é de 72%. Nos Estados Unidos, a taxa é de 38%.
Idade
De acordo com o Censo, 19,6% das pessoas com 25 a 34 anos têm educação superior. Um desempenho melhor do que o apresentado por faixas etárias mais altas. Entre 55 a 64 anos, 13,7% tem educação superior.
Embora tenha melhorado, a média ainda está abaixo do Plano Nacional de Educação, que é elevar a taxa de matrícula para 33% da população de 18 a 24 anos.
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