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PF mira candidatos que declararam grande quantia de dinheiro em casa

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Investigadores da Polícia Federal estão mirando candidatos que declararam à Justiça Eleitoral guardar grandes somas de dinheiro em casa.

Essa é uma variável importante para a decisão de quais pontos estratégicos no país serão monitorados por drones nestas eleições, afirmaram à reportagem agentes que acompanham o assunto. Zonas eleitorais com histórico de compra de votos pelo menos nas últimas quatro eleições também entrarão na conta.

A PF pretende empregar cem drones no pleito marcado para os dias 15 (primeiro turno) e 29 (segundo turno) de novembro em diferentes locais do país. Os equipamentos ajudarão a fiscalizar crimes como boca de urna e transporte de eleitores.

O levantamento que vai indicar os pontos para onde serão enviados os drones está sendo feito pela área de inteligência da polícia.

Nesta terça-feira ( 27), o diretor-geral da corporação, Rolando Alexandre de Souza, apresentou ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Roberto Barroso, detalhes da Operação Eleições Limpas, como foi batizada a ação contra irregularidades no pleito. O ministro da Justiça, André Mendonça, também participou do encontro.

Às vésperas da eleição, a recente busca feita pela PF na casa do senador afastado Chico Rodrigues (DEM-RR), ex-vice-líder do governo Bolsonaro, colocou em evidência as quantias que os políticos declararam ter em casa.

Rodrigues foi flagrado pelos agentes federais com R$ 33,1 mil escondidos na cueca. O parlamentar é investigado em inquérito que apura desvio de verbas da saúde para o combate à pandemia do novo coronavírus em Roraima.

Relator da investigação no STF (Supremo Tribunal Federal), Barroso ficou impressionado após a ação na casa de Rodrigues.

Além do caso do senador, na semana passada, após receber uma denúncia anônima sobre suposta compra de votos, a Polícia Militar prendeu em Carira, no interior de Sergipe, um candidato do PSD a vereador com R$ 15,3 mil escondidos na cueca.

Para um policial ouvido pela reportagem, a declaração de dinheiro vivo em casa prestada à Justiça Eleitoral é considerada um dado de inteligência relevante para o mapa de distruição dos drones que a PF prepara.

Iniciativa inédita da corporação, os drones irão sobrevoar zonas eleitorais para fiscalizar não só a compra de voto, mas também combater crimes como boca de urna e o transporte de eleitores, previstos na legislação eleitoral.

O diretor-geral da PF explicou ao presidente do TSE que os drones têm capacidade de zoom de 180 vezes e poder de alcance a uma distância de seis quilômetros com imagem em alta resolução.

Isso permite a identificação de suspeitos, placas de veículos, situações de compra de voto e entrega de santinhos. Os equipamentos são capazes de voar em elevada altitude e de maneira imperceptível.

As imagens capturadas serão transmitidas a uma equipe da PF. Diante de algum flagrante de crime eleitoral, policiais irão até o local indicado.

A PF apresentou também um software para auxiliar a identificação de pessoas responsáveis pela criação e propagação de notícias falsas.

O presidente do TSE disse que o controle da desinformação é uma das grandes preocupações para estas eleições.

Barroso citou acordos firmados com instituições públicas e privadas para coibir a disseminação de fake news e parceria com agências de checagens.

"Mas onde não conseguirmos evitar teremos essa parceria com a Polícia Federal. Queremos aprimorar a democracia brasileira e não permitir que ela se deteriore por grupos minoritários, irrelevantes, mas que têm um grande poder de estrago, que são essas milícias digitais que disseminam mentiras", disse o ministro Barroso.

Com a tecnologia utilizada pela PF, afirmou o presidente do TSE, será possível "percorrer o caminho de volta da notícia falsa e chegar à sua origem e identificar de onde vêm essas tentativas de difusão da mentira, de desacreditar as instituições e fazer mal à democracia".

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