SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Professores e funcionários da rede municipal de ensino de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, realizaram na tarde desta terça-feira (2), uma manifestação contra as aulas presenciais nas escolas públicas. Durante o protesto, foi feito um cortejo fúnebre fictício que simbolizou o "enterro" da educação na cidade
As aulas nas unidades municipais foram retomadas no dia 11 de fevereiro. Os professores voltaram um pouco antes, no dia 5, para atividades de formação. Segundo a Aspescs (Associação dos Profissionais da Educação de São Caetano do Sul), até o início da semana haviam sido confirmados 75 casos de contaminação pelo coronavírus na rede, entre docentes, alunos e demais funcionários. A prefeitura diz que o número é menor.
"A abertura das escolas coloca em risco a vida de muitos trabalhadores e alunos, além de seus familiares e os contatos diretos dessas pessoas", afirma a professora Mariana Bonotto, integrante da Aspescs.
"Estamos todos com muito medo. As máscaras que nos deram são muito finas. Vieram em uma caixa única, onde todos colocam a mão. O faceshield [escudo de proteção facial] só alguns funcionários conseguiram pegar. Não há segurança nenhuma. Nós compramos nossas próprias máscaras, mas fica difícil para os alunos nos ouvirem", acrescenta.
A professora também critica os protocolos adotados pela prefeitura em caso de contaminação pelo vírus. Segundo ela, o professor não é afastado em caso de haver caso positivo entre algum aluno da turma, o que aumenta o risco de novas transmissões. Ela diz ainda que as escolas não possuem ventilação adequada e que a limpeza não é suficiente, principalmente dentro das salas de aula.
A Prefeitura de São Caetano, gestão interina de Anacleto Campanella Júnior (Cidadania), diz que foram registrados 67 casos de Covid-19 na rede, que é composta por 4.000 funcionários e 22 mil alunos. Para as aulas presenciais, estão voltando 35% dos alunos a partir das turmas G4 da educação infantil (4 anos).
"A Secretaria de Educação tem feito um monitoramento contínuo de suspeitas e casos de Covid-19. Para fazer esse controle, criou um formulário Google no qual o diretor de cada escola deve relatar cada caso identificado (suspeito ou confirmado, de professor, funcionário ou aluno) com a data de início dos sintomas e dados para contato, a fim de fazer um acompanhamento de cada caso", diz a prefeitura.
A administração municipal afirma ainda que criou, nesta segunda (1º), um ambulatório exclusivo aos profissionais da educação para tratamento da Covid-19. O espaço funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, e atenderá os profissionais da rede que apresentarem sintomas.
Na nota, a prefeitura diz que fornece EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) aos funcionários e professores.
O Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que reúne as sete cidades da região, afirma que, neste momento, "permanecem as decisões tomadas anteriormente pelas prefeituras", que aguardam novas orientações do governo estadual referentes ao Plano São Paulo para saber se cinco cidades do ABC vão manter lockdown noturno iniciado no último dia 27 e que vai até este domingo (7). São Caetano não aderiu às restrições mais duras e segue o "toque de restrição" do governo estadual, com fiscalização intensificada entre 23h e 5h.
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