O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na sexta-feira, 13, que desistiu de discursar na abertura Assembleia-Geral da ONU, no fim do mês, em Nova York. A decisão ocorre em meio a uma crise crônica do chavismo e de rumores de que ele estaria desconfiado de uma possível tentativa de golpe de aliados. "Este ano não vou", disse Maduro. "Ficarei aqui trabalhando com vocês, mais seguro e mais tranquilo."
Em seu lugar, o governo enviará a vice-presidente, Delcy Rodríguez, e o chanceler, Jorge Arreaza. Os dois prometeram levar ao secretário-geral da ONU, António Guterres, um abaixo-assinado com 12 milhões de assinaturas contra as sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela. Segundo Maduro, o texto mostrará ao mundo "a verdade do que acontece" no país.
O Departamento de Estado dos EUA acusou o governo chavista de vincular as assinaturas da população à entrega de cestas básicas, em meio a uma grave crise de escassez de alimentos e de remédios - Maduro nega. As sanções impedem a venda de petróleo venezuelano para os EUA, congelam ativos do governo chavista e proíbem empresas com negócios em território americano de comercializar com a Venezuela.
Em março, o líder da oposição, Juan Guaidó, liderou uma tentativa de deposição de Maduro, que contou com o apoio de alguns setores do Exército. Desde então, o líder chavista redobrou a preocupação com dissidências internas, principalmente nas Forças Armadas, que são fiadoras de seu governo.
Desde então, os EUA mantêm canais informais com dois dos principais homens do chavismo, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino - que teria participado das discussões de uma tentativa de golpe, em março, segundo o Washington Post - e o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, acusado nos EUA de corrupção e narcotráfico.
Na quarta-feira, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou a convocação de reunião que pode reativar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar). O pacto, da época da Guerra Fria, prevê um mecanismo de defesa mútua e é considerado uma forma de justificar, em último caso, uma intervenção militar na Venezuela.
Guaidó defendeu o Tiar como forma de pressionar Maduro. Apesar disso, diplomatas brasileiros rejeitam a possibilidade de usar a força para derrubar o regime. No entanto, na OEA, o Brasil se uniu à Colômbia, aos EUA e aos representantes de Guaidó para ressuscitar o Tiar. O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, disse ontem que o governo chavista está pronto para se defender de qualquer ameaça do Tiar. "Estamos preparados para nos proteger, estamos preparados para responder. Nós não vamos permitir que ninguém pise no sagrado solo venezuelano. Responderíamos. Mas tomara que nunca aconteça", disse o chanceler. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.