Destino do presidente Michel Temer em busca de investimentos no setor de energia, a Noruega investiga se empresas do país escandinavo pagaram propina para garantir contratos com a Petrobrás e alimentar uma rede política no Brasil. A apuração envolve o ex-diretor da estatal brasileira Jorge Zelada, ligado ao PMDB, partido de Temer.
No centro da investigação estão duas empresas, a Sevan Marine a Sevan Drilling. A Sevan Drilling é especializada em exploração de petróleo em alto-mar e tem representação no Rio. Ao Estado, investigadores confirmaram que estão reconstruindo a "rota do dinheiro" entre essas empresas e Zelada.
As investigações examinam a suspeita de que mais de R$ 117 milhões (300 milhões de coroas norueguesas) teriam sido pagos em propinas para permitir que as empresas do país escandinavo fechassem contratos com a estatal brasileira.
O Estado apurou que um dos operadores da empresa norueguesa estabeleceu uma "parceria" com Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobrás. Ele seria da cota do PMDB dentro da estatal e homem de confiança do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Zelada e o operador da empresa norueguesa mantinham a empresa TVP Solar, com sede em Genebra. A companhia tinha a função de camuflar recursos desviados da estatal. Parte do dinheiro teria tido como destino uma conta no banco suíço Julius Baer, em nome de Zelada. Outra parte pode ter sido enviada para Mônaco. Quatro contas foram bloqueadas na Suíça.
Documentos das autoridades de Berna indicam que "uma sociedade norueguesa e suas filiais teriam feito parte de um vasto esquema de corrupção de funcionários no Brasil". Além de Zelada, outros dois funcionários da Petrobrás também teriam sido beneficiados.
Zelada está preso em Curitiba desde julho de 2015 e foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 16 anos e 8 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em duas ações penais. A defesa do ex-diretor da Petrobrás afirmou que os argumentos de existência de contas no exterior são "ilações".
Temer terá um encontro hoje com empresas do país escandinavo para incentivá-las a investir no Brasil. Mas, conforme diplomatas, a viagem foi um suspense por meses. Segundo o governo, Oslo já é o oitavo maior investidor no País, principalmente na área de petróleo.
Caçadores
Enquanto o presidente brasileiro tenta dar um ar de normalidade ao seu governo ao se reunir com autoridades norueguesas em Oslo e até mesmo com a família real, a pequena cidade norueguesa de Alesund fará um evento que vem sendo chamado de "Rede de Caçadores de Corruptos."
Organizado pelo Ministério Público da Noruega, o evento começa hoje e reúne procuradores, chefes de polícia, juízes e especialistas para debater formas de cooperação em casos de dimensões internacionais.
Do Brasil, a Procuradoria-Geral da República enviou um representante. Ele apresentará os avanços do combate à corrupção no País. Integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e promotores paulistas também estarão no encontro.
A Operação Lava Jato estará no centro do debate, com diversos países interessados em saber o que o Brasil tem feito nas investigações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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