Crônicas e cia

Bulas Semanais e a Paixão de Cristo

Leia a coluna semanal de Felipe Cury

Colunista Felipe Cury (Reprodução)

Escrito por Felipe Cury

29 MAR 2024 - 08H00 (Atualizada em 04 ABR 2024 - 10H49)

Reprodução

O PENSAMENTO: “DEUS é o PAI, o FILHO e o ESPÍRITO SANTO”

O FATO: Eu estava no Grupo Escolar “Quintino Vieira”, na minha querida Soledade, depois do Pré – que não existia – e antes do primeiro ano primário. Era uma Sexta Feira da Paixão e não havia aula. Os fazendeiros 2 ou 3 vezes por semana, mandavam seu gado para o matadouro local, que ficava no outro lado da cidade, a pé e livres para investir contra quem quisessem.

Soledade tinha 2 pontes sobre o Rio Verde: uma só para ferrovia (gado não passava) e outra para a população... e para o gado. Se, afortunadamente se cruzassem, era o maior corre-corre como no velho oeste. Casais que se desfaziam, velhos que adquiriam mobilidade espantosa nas pernas, crianças se esbaldavam sem consciência do perigo que corriam, jogadores de futebol contundidos saravam até pra disputar olimpíada sul-mineira.

O “alarme” era o berro dos moradores: ” - Olha o BOI.” Salve-se quem puder. Era um misto de pândega, de susto, de cagaço, de coragem e um treinamento para toureiro. Naquela Sexta Feira Santa, um dos cavaleiros “derrapou” e seu cavalo se espatifou no paralelepípido, com fratura exposta. Só restava ao dono do animal sacrificá-lo. E o matou com tristeza profunda. Só que NA PAIXÃO.

Era proibido comer carne e PRINCIPALMENTE MATAR. Eu e toda meninada estarrecida abominamos esse pecado mortal. Como entendemos hoje, Jesus ama o pecador, mas odeia o pecado. Na adolescência começamos a formar nossa opinião cristã. Reverenciamos a Sexta Feira da Paixão com respeito, não com medo. Não pairam mais dúvidas: Jesus Cristo é Amor. Não é vingança, ira, instrumento do ódio ou torpe corrupção. Ele é o alicerce da PAZ interior.

Quando jovem (ainda o sou) eu admirava a revista O Cruzeiro. Uma publicação notável de um conglomerado jornalístico, chamado Diários Associados com jornais, emissoras, livros, jamais igualados até hoje. Tinha honradez, dignidade, seriedade sem estar a serviço de conglomerados políticos. Seu poderoso chefão era ASSIS CHATEAUBRIAND.

Certa vez, em uma Semana Santa designou seu melhor jornalista para cobrir o maior evento da cristandade na cidade de Ouro Preto, nas Minas Gerais. Determinou energicamente: “- Quero um artigo de página dupla sobre Jesus Cristo.” David Nasser, perguntou: “- Contra ou a favor?”.

À medida que adquirimos maturidade Cristã, não é mais admissível esse tipo de pergunta e ignominiosa resposta. E nos resta lamentar implorando “Pai, perdoai-os porque não sabem o que dizem.” Todos nós nos orgulhamos de pertencer a uma comunidade Cristã. Hoje, Sexta Feira da Paixão, revivemos o silêncio da dor. A morte de Jesus Cristo é apenas a perda de um homem bom. O melhor de todos.

A incongruência de uma “justiça” da época que mandava libertar criminosos e fazer padecer os bons, celebrando uma inversão de valores e uma impunidade que se tornou secular. Pela Justiça Divina choramos a morte e no Mistério Pascal exultemo-nos com a Ressurreição de Jesus o Rei da Vida. Contemplemos Jesus morto, mas rejubilemo-nos com sua Ressurreição.

Vimos a comovente encenação do calvário, quando um soldado troglodita, forte por fora e vazio por dentro, atingiu Cristo crucificado com uma lança embebida de líquido ruim para antecipar-Lhe a morte. Só que ele estacou, prostou-se de joelho arrependido e reconheceu ”- Verdadeiramente este homem é o Filho de Deus.”

Escrevi lá em cima em O PENSAMENTO: “DEUS é o PAI, o FILHO e o ESPÍRITO SANTO”. Está-nos à hora de vivermos isso de forma adulta e consciente. Não mais como no Catecismo, que didaticamente corrobora na formação das crianças, mas sem medo de quedarmos na fé e enfrentar nossa nova realidade pelo Mandamento do amor.

Na crença adulta de uma Santa Devoção que nos permite encarar JESUS como nosso Salvador Real e começar ou recomeçar a celebrar a fé. Vamos, sem vergonha ou falso pudor, e encarar com eloquência fervorosa o PODER DA ORAÇÃO. Felizmente o nosso mundo está mudando: já começamos a nos encontrar nos Templos com pessoas amigas, bem formadas, formando autênticas parcerias de caridade e de fraternidade. A Igreja agora é atração. É vida nova.

Já não nos apegamos apenas às relíquias dos Dez Mandamentos (maravilhosos e eternos), mas não é só a concepção de pecado óbvio. A liturgia não é mais vazia, mas uma forma consistente e séria de espiritualidade. “O mundo pode até lhe fazer chorar, mas Deus quer te ver sorrindo”. A vitória é da humildade. Cuidado com a vaidade. Crer em Deus sobre todas as coisas e jamais se permita virar-Lhe às costas.

Ofender a Deus é se comprazer com a desgraça alheia. Torcer para “quanto pior, melhor!” A indiferença pode ser pior do que o ódio. O AMOR está na nossa vontade e é maior do que a dor e do sentimento da tristeza. “Ame a vida e os bons Amigos, pois a vida é curta e os amigos são poucos” - Papa Francisco. Nosso novo e moderno lema é: “Fraternidade e Amizade Social”.

COLUNISTA

Felipe Antônio Cury, mineiro de Três Corações, reside há mais de 60 anos em São José dos Campos.

Formado em Ciências Jurídicas e Administrativas, pela Fundação Joseense de Ensino, foi Professor de Língua Portuguesa e Comunicação, na Escola Técnica “Olavo Bilac”.

Foi presidente da ACI - Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos, por 8 anos, além de ocupar outros importantes cargos em diversas instituições do município.


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