Por Do Meon* Em Brasil & Mundo

Jornalista japonês é o mais velho trabalhando na Copa do Mundo 2014

Jornalista japonês é o mais velho trabalhando na Copa do Mundo 2014 (Divulgação/Fifa)

Jornalista Hiroshi Kagawa é o mais velho trabalhando na Copa do Mundo 2014

Divulgação/Fifa

A Copa do Mundo de 1974 foi a primeira de Hiroshi Kagawa como jornalista. "Foi no Olympiastadion, em Munique, final da Copa do Mundo de 1974. É tão vívido em minha mente. Johan Cruyff em laranja e Franz Beckenbauer em branco. Eu me senti tão grato", relembra o pequeno e enrugado senhor de 89 anos, cujos olhos queimam quando ele fala sobre futebol. 

Após a Copa daquele ano, Kagawa cobriu mais nove na sequência, viajando pelo mundo a partir de sua casa em Kobe, no Japão. Há quatro anos, o jornalista perdeu a edição da África do Sul devido a problemas de saúde, mas agora está de volta para seu décimo Mundial.

Aos 89 anos, ele é o membro mais velho da imprensa aqui no Brasil. Da sala de trabalho de mídia na Arena Pernambuco, em Natal, Kagawa aparenta calma, com seus olhos observando tudo por trás de seu óculos com lentes bifocais grossas. 

No mesmo ambiente, são vistos repórteres mais jovens apressados, preocupados com prazos e gritando em seus celulares. A entrevista de Kagawa ao Fifa.com levou mais de uma hora, porque os membros da mídia japonesa, por respeito a seu antigo mestre, interromperam constantemente, trazendo água e sorrindo para o jornalista como se fosse o seu próprio avô.

Na tribuna de mídia do estádio, Kagawa está cercado por máquinas, telefones carregando e piscando os dispositivos da era da informação, mas permanece sentado com um bloco de notas e um lápis, congelado no tempo, observando o Japão jogar.  Nascido em Kobe em 1924, Kagawa foi um jogador de futebol entusiasmado em sua juventude e chamado para o serviço militar, em 1944, nos anos finais da Segunda Guerra Mundial. Kagawa foi empurrado para o cockpit de um avião carregado com explosivos e treinou e voou em missões como um piloto Kamikaze. 

"Eu era um homem de muita sorte de escapar com a minha vida", disse. Depois da agonia de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaka, Kagawa voltou sua atenção para o futebol, para as conexões que ele acreditava que poderia curar o seu país devastado. "O futebol era algo positivo no mundo e era algo que eu poderia fazer para ajudar o Japão", afirma.

O pós-guerra do Japão foi dominado por uma obsessão com o beisebol, uma importação da América. "Muitos acreditavam que nós, japoneses, éramos pequenos demais para jogar futebol. Havia um monte de pessimismo", conta. Para Kagawa a final da Copa do Mundo em 1974, foi o início de uma nova era.

"Este jogo foi a gênese do futebol moderno", disse Kagawa, que desde então, viu o jogo crescer como um incêndio em sua terra natal e sua equipe se classificar para sua primeira Copa do Mundo em 1998. "O orgulho que eu sentia era maior do que você pode imaginar", afirma.

O velho repórter, agora freelancer, viu seu país se tornar o orgulho da Ásia e produzir craques mundiais como Hidetoshi Nakata e Kazu Miura. Atualmente, jogadores japoneses se apresentam nos maiores e melhores clubes da Europa e o seu país ainda sediou uma final mundial. 

(* com informações do site da Fifa)

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